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PIB / SETOR PRODUTIVO
Empresas pisam no freio, e investimentos caem 9,8%
Indústria tem retração de 7,4% no 4ª tri, a maior em 12 anos; no ano, cresceu 4,3%
Apesar da desaceleração, taxa de investimento encerra
o ano em 19% do PIB,
maior marca da nova série
do IBGE, iniciada em 2000
DA SUCURSAL DO RIO
A piora no crédito e nas expectativas em relação à economia levou os empresários a interromper um ciclo de nove trimestres de alta nos investimentos. O volume de recursos
destinados à ampliação da capacidade produtiva do país caiu
9,8% no quarto trimestre em
relação ao trimestre anterior
-quando avançou 8,4%. Ainda
assim, o indicador teve a maior
expansão anual desde 1996, de
13,8%, reflexo do desempenho
anterior à crise.
Na comparação com o primeiro trimestre de 2008, mais
uma vez fica clara a piora do
humor dos empresários. A alta
foi de apenas 3,8%, depois de
seis trimestres de variação de
dois dígitos. Foi o pior resultado desde o segundo trimestre
de 2005, quando atingiu 3,1%.
No ano, os investimentos em
capacidade produtiva adicionaram R$ 548,75 bilhões à economia. No ano anterior, em valores correntes (não descontada
a inflação), foi de R$ 455,21 bilhões. Dos 5,1% de expansão do
PIB, 2,4 pontos percentuais foram resultado da expansão nos
investimentos produtivos.
Com a expansão no ano, a taxa de investimento -proporcional ao valor do PIB, que alcançou R$ 2,89 trilhões em
2008- ficou em 19% no ano
passado, maior marca desde o
início da nova série do IBGE,
iniciada em 2000.
A FBCF (Formação Bruta de
Capital Fixo), que indica a variação de investimentos, reflete
a disposição dos empresários
em investir na ampliação da capacidade produtiva. "O indicador é muito sensível à piora da
economia. Quando o empresário constata que a demanda está muito fraca e que as condições de financiamento estão
ruins, decide rapidamente desacelerar os investimentos",
diz Juan Jensen, sócio da Tendências Consultoria.
"A redução nos investimentos na ampliação da produção
pode ser um entrave ao crescimento quando a economia voltar a crescer", adverte Carlos
Thadeu Filho, economista-chefe da SLW Asset.
Fase de ajustes
O BNDES registrou, em janeiro, deste ano queda de 42%
nas consultas de empresários.
A etapa, primeira na obtenção
de crédito, é um termômetro da
intenção de investimento da
economia.
O fraco desempenho dos investimentos rebateu na indústria, cujo PIB caiu 7,4% no último trimestre de 2008 -a maior
retração desde o quarto trimestre de 1996 (7,9%). No acumulado de 2008, a indústria cresceu 4,3% -o mais baixo resultado entre os setores.
"A indústria responde por
quase 30% do PIB, e uma queda
muito forte tem impacto considerável na economia. A indústria vinha num ritmo de produção, mas, com o início da crise, a
demanda se frustrou, e o setor
se viu obrigado a entrar em
uma fase de ajuste de estoques,
que passaram a operar acima
do normal", avalia Bráulio Borges, economista da LCA.
Para ele, a indústria não vai
recuperar os níveis pré-crise,
mas vai melhorar depois do
tombo no fim do ano. "As vendas de automóveis já mostraram recuperação. Isso não
ocorre, porém, com a produção
de caminhões, ônibus e máquinas agrícolas, o que mostra que
essa melhora da indústria automobilística se refletirá quase
que totalmente no consumo
das famílias, e não na formação
bruta de capital fixo [investimentos]."
Segundo especialistas, os investimentos vão demorar mais
para reagir. "Pelos componentes da demanda, fica claro que a
queda no PIB se deve à contração do crédito e à piora nas expectativas. Isso influencia do
lado dos empresários a decisão
de investimento", diz Jensen.
(SAMANTHA LIMA e PEDRO SOARES)
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