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ENERGIA
Firmino Sampaio disse que é melhor fazer cortes seletivos do que ter de cortar luz com mais intensidade depois
Ex da Eletrobrás defende racionamento
ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO
Na cerimônia em que deixou o
cargo de presidente da Eletrobrás,
Firmino Sampaio defendeu o racionamento do uso de energia.
"Racionamento não é incompatível com racionalização. Temos
que ter as duas coisas. Se as chuvas chegarem, ótimo, fica-se só
com a racionalização", disse ele.
Sampaio afirmou que é "prudente fazer o racionamento com
cortes seletivos, para que ele não
seja feito numa escala mais intensa depois". Para o ex-presidente
da Eletrobrás, "só o apelo educativo não é suficiente".
O governo anunciou na semana
passada um pacote de medidas visando evitar o racionamento e reduzir o consumo em 10%.
Tanto o novo presidente da estatal, Cláudio Ávila, como o ministro das Minas e Energia, José
Jorge, afirmaram que só dentro
de dois meses é que o governo
avaliará se será necessário adotar
o racionamento de energia.
"Temos que aguardar pelo menos até o final de maio para ver se
as medidas terão sucesso. Se não
der certo, aí se parte para o racionamento", disse o novo presidente da Eletrobrás.
Ainda ontem, Ávila receberia
um relatório feito pela Eletronuclear e por técnicos da Eletrobrás
favorável à construção da usina
nuclear Angra 3. "Vou analisar e
encaminhar parecer ao ministério", disse ele, para quem o projeto seria majoritariamente estatal.
No final do ano passado, Firmino Sampaio havia dito que a construção da usina, que já consumiu
R$ 1,4 bilhão, custaria cerca de R$
3 bilhões e levaria pelo menos 70
meses.
A troca de presidentes da Eletrobrás lotou o auditório da sede
da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).
Num discurso de uma hora,
Sampaio se declarou contrário à
privatização da Chesf, por ser o
rio São Francisco a única fonte perene de recursos hídricos da região, e defendeu a venda de Furnas sem a usina-mãe, devido à sua
importância para Minas Gerais.
Ávila, que deixa a presidência
da Eletrosul, disse que "é evidente
que é preciso ter cuidado para gerar energia com o uso racional da
água."
Firmino Sampaio também afirmou que, na Eletrobrás, nunca
faltaram recursos, mas "desafios
para usá-los", criticando o ritmo
das licitações. A empresa e suas
controladas têm, em caixa, segundo ele, R$ 3 bilhões para investimentos.
O novo presidente da Eletrobrás
disse que a empresa realmente
tem "grandes projetos que precisam ser licitados", que consumirão "R$ 3 bilhões e mais", já que a
empresa pretende atrair parceiros
privados. "A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) vai colocar brevemente uma série de hidrelétricas em licitação."
O ex-presidente criticou a postura de investidores estrangeiros
que, ao adquirir as empresas nacionais, recorrem a financiamentos, trazendo pouco capital próprio. "Isso é o que no Nordeste
chamamos de fritar o porco na
própria banha."
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