São Paulo, sábado, 11 de abril de 1998

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ESCÂNDALO
Presidente do banco central japonês, Masaru Hayami, também terá redução de 20% no próximo salário
Japão pune 98 executivos por corrupção

das agências internacionais

O Banco do Japão (banco central) puniu ontem 98 funcionários acusados de aceitar propinas de instituições financeiras em troca de informações confidenciais sobre suas operações de mercado.
Entre eles estão dois diretores-executivos e três conselheiros do governo. Eles terão descontados 20% de seus salários por um período de um a cinco meses.
Na tentativa de mostrar arrependimento e empenho na recuperação da credibilidade do sistema bancário do país, o presidente do Banco do Japão, Masaru Hayami -um dos maiores salários do funcionalismo público japonês-, seus diretores-adjuntos e diretores-executivos vão também abdicar 20% dos salários por um mês.
O anúncio do banco central fez com que os bancos privados tomassem atitudes semelhantes.
O Banco Asahi informou ontem que vai cortar em 30% os salários de seu diretor-ajdunto e de seu presidente pelos próximos três meses. Outros três bancos -Sanwa, Sumitomo e Banco Industrial do Japão- também já anunciaram cortes nos pagamentos de seus executivos do alto escalão.
Além da redução nos salários, o banco central do Japão enviou a cada um dos funcionários punidos uma carta de advertência.
Não houve demissões, mas alguns deles terão em seus arquivos pessoais o registro da participação no esquema de corrupção.
Há um mês, o diretor da divisão de mercado de capitais do Banco do Japão, Yasuyuki Yoshizawa, foi preso sob acusação de ter deixado vazar informações importantes sobre o banco central. Alguns dos funcionários punidos ontem eram subordinados a Yoshizawa.
A punição foi resultado de uma investigação interna que vem acontecendo há dois meses.
Cerca de 600 oficiais do alto escalão do banco central tiveram seus arquivos investigados. Também foram rastreados todos os relacionamentos existentes entre esses executivos e instituições financeiras nos últimos cinco anos.
Durante as investigações, eles foram obrigados a preencher formulários de pesquisa e a dar entrevistas a portas fechadas.
O banco central informou que os investigadores não encontraram nenhuma evidência de pagamentos em dinheiro ou participação em atividades ilegais por parte de seus funcionários.
"Vamos estabelecer novas formas de relacionamento entre nossos funcionários e as instituições financeiras privadas", informou o Banco do Japão por meio de um comunicado à imprensa.
O comunicado também alertava todos os outros funcionários do banco central para futuras investigações sobre corrupção. "Esperamos que isto sirva de exemplo aos outros executivos do banco", dizia o documento.
Pacote econômico
As medidas anunciadas anteontem pelo primeiro-ministro do Japão, Ryutaro Hashimoto, para reativar a economia do país surtiram uma reação negativa no mercado asiático.
Ontem, o Banco do Japão e o Fed (banco central norte-americano) foram obrigados a fazer uma importante intervenção no mercado para defender o iene japonês.
O dólar, que havia subido para 133,16 ienes minutos após o anúncio do pacote na quinta-feira, voltou a cair ontem. No final da tarde, ele estava sendo negociado a 127,40 ienes.
Ronald Bevacqua, economista da Merrill Lynch no Japão, disse que "os mercados não se animaram porque o corte dos impostos não será permanente".
Segundo ele, essas medidas farão com que as pressões sobre o país apenas cessem temporariamente.



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