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MERCADO FINANCEIRO
Especialistas dizem que prova do menor temor está na curva dos juros dos títulos da dívida externa
Desconfiança de moratória fica para trás
da Reportagem Local
Os investidores externos consideram que o risco de moratória
por parte do Brasil, hoje, é mínimo. Não era assim há dois meses,
logo após a mudança da política
cambial.
"Aquela expectativa ruim, de que
o país iria quebrar, não existe
mais", diz Carlos Eduardo Uchoa,
da Liberal Asset Management.
"Há uma melhoria substancial
na percepção dos investidores externos com relação ao risco-Brasil", diz Luiz Forbes, especialista
do mercado de títulos da dívida externa, negociados em Londres e
Nova York.
Em situações de normalidade do
crédito internacional do país, os títulos da dívida de prazo de vencimento mais curto, como o IDU
(2001) e o EI (2006), pagam taxas
de juros menores aos investidores
externos do que os de vencimento
mais longo, como o C-bond (2014).
Em geral, os investidores pedem
juros maiores para carregar papéis
por mais tempo.
Em julho do ano passado, por
exemplo, o IDU pagava juros 4,32
pontos percentuais acima dos juros pagos pelos títulos do Tesouro
dos Estados Unidos, o chamado
"spread over Treasury".
O "spread" do C-bond era, na
época, de 6,17 pontos percentuais.
A moratória decretada pela Rússia, em agosto do ano passado,
mudou a percepção dos investidores externos com relação aos países emergentes, incluindo o Brasil.
Em janeiro, o Brasil passou por
um ataque especulativo e mudou
sua política cambial, permitindo
uma desvalorização do real.
Os temores de que o Brasil não
teria como honrar seus compromissos internos e externos tomaram conta do mercado.
No início de fevereiro, o "spread"
do C-bond saltou para 13,17 pontos percentuais. Mas, como os investidores passaram a acreditar no
risco de moratória no curto prazo,
foram justamente os papéis mais
curtos os mais afetados. O IDU
passou a pagar um "spread" de
21,53 pontos percentuais, e o EI, de
17,31 pontos.
Com Armínio Fraga na presidência do Banco Central e a maior
tranquilidade no mercado de câmbio, o crédito do Brasil no mercado
externo está, aos poucos, se regularizando.
Os "spreads" do IDU se aproximam dos "spreads" do C-bond.
Estavam, na última sexta-feira, em
9,41 pontos percentuais, contra
9,17 pontos do C-bond. Só quando
os "spreads" do IDU passarem os
do C-bond é que a curva de juros
dos títulos da dívida vai voltar ao
normal.
Segundo especialistas, o BC está
esperando a "normalização" da
curva dos títulos da dívida externa
para fazer uma nova emissão no
mercado internacional.
(CRISTIANE PERINI LUCCHESI)
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