São Paulo, Domingo, 11 de Abril de 1999
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Benefício é rápido para a agricultura

da Reportagem Local

Trocar a importação por produção local pode levar anos na indústria, se for necessária a construção de novas fábricas. Na agricultura, o resultado pode variar de uma safra para a outra.
Em 98, o Brasil importou US$ 6,791 bilhões em produtos agrícolas. Como a produção já vinha aumentando antes da desvalorização, a importação já deve cair para US$ 4,698 bilhões em 99, segundo André Pessoa, da Agroconsult. No ano 2000, as importações podem cair para US$ 3,679 bilhões e, em 2001, para US$ 3,384 bilhões. "O encarecimento dos importados deve favorecer a produção no Brasil", diz.
A redução deve ocorrer pela redução drástica de compras no exterior de produtos agrícolas sofisticados. Só no ano passado, o Brasil consumiu US$ 500 milhões em brócolis franceses, cenourinhas norte-americanas, aspargos argentinos e outras iguarias do mesmo tipo.
O outro mecanismo de queda das importações é a recuperação de lavouras tradicionais, que haviam perdido espaço para os importados. O Brasil importou US$ 587 milhões em algodão, em 1998, e deverá comprar US$ 220 milhões em 2001. Os argentinos não costumam comer feijão preto, mas produzem o produto para exportar. Em 98, o Brasil comprou US$ 139 milhões em feijão e deve importar, em 2001, US$ 30 milhões.
Na indústria, quem está sentindo mais rapidamente o efeito da desvalorização são os fabricantes de autopeças. A mudança é rápida porque as montadoras dependem de fornecimento local para produzirem carros mais baratos.
"As importações não acabam, mas serão reduzidas, inclusive o contrabando", diz Paulo Skaf, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil. Ele afirma que as vendas vão aumentar de R$ 20 bilhões para R$ 21 bilhões em 99.
Além de retomar espaço no mercado interno, as indústrias têxteis devem exportar mais. "Estamos aumentando em 50% a nossa exportação em 1999", diz Eduardo Rabinovich, vice-presidente do grupo Vicunha. Maior grupo têxtil brasileiro, o Vicunha faturou cerca de US$ 1 bilhão em 98. (RG)




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