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Benefício é rápido para a agricultura
da Reportagem Local
Trocar a importação por produção local pode levar anos na indústria, se for necessária a construção
de novas fábricas. Na agricultura, o
resultado pode variar de uma safra
para a outra.
Em 98, o Brasil importou US$
6,791 bilhões em produtos agrícolas. Como a produção já vinha aumentando antes da desvalorização, a importação já deve cair para
US$ 4,698 bilhões em 99, segundo
André Pessoa, da Agroconsult. No
ano 2000, as importações podem
cair para US$ 3,679 bilhões e, em
2001, para US$ 3,384 bilhões. "O
encarecimento dos importados
deve favorecer a produção no Brasil", diz.
A redução deve ocorrer pela redução drástica de compras no exterior de produtos agrícolas sofisticados. Só no ano passado, o Brasil consumiu US$ 500 milhões em
brócolis franceses, cenourinhas
norte-americanas, aspargos argentinos e outras iguarias do mesmo tipo.
O outro mecanismo de queda das
importações é a recuperação de lavouras tradicionais, que haviam
perdido espaço para os importados. O Brasil importou US$ 587
milhões em algodão, em 1998, e deverá comprar US$ 220 milhões em
2001. Os argentinos não costumam
comer feijão preto, mas produzem
o produto para exportar. Em 98, o
Brasil comprou US$ 139 milhões
em feijão e deve importar, em 2001,
US$ 30 milhões.
Na indústria, quem está sentindo
mais rapidamente o efeito da desvalorização são os fabricantes de
autopeças. A mudança é rápida
porque as montadoras dependem
de fornecimento local para produzirem carros mais baratos.
"As importações não acabam,
mas serão reduzidas, inclusive o
contrabando", diz Paulo Skaf, presidente da Associação Brasileira da
Indústria Têxtil. Ele afirma que as
vendas vão aumentar de R$ 20 bilhões para R$ 21 bilhões em 99.
Além de retomar espaço no mercado interno, as indústrias têxteis
devem exportar mais. "Estamos
aumentando em 50% a nossa exportação em 1999", diz Eduardo
Rabinovich, vice-presidente do
grupo Vicunha. Maior grupo têxtil
brasileiro, o Vicunha faturou cerca
de US$ 1 bilhão em 98.
(RG)
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