São Paulo, Domingo, 11 de Abril de 1999
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Processo vem do governo de Vargas

da Reportagem Local

A indústria brasileira deve muito à política de substituição de importações. Do desenvolvimentismo de Juscelino Kubitschek ao "Brasil Grande" dos militares, o governo criou um mercado cativo para favorecer as empresas sediadas no país. Como efeito colateral, a estratégia alimentou uma relação promíscua entre a iniciativa privada e o poder público, além de provocar a acomodação dos empresários brasileiros.
Logo ao assumir o poder, em 1930, o presidente Getúlio Vargas centralizou o câmbio de moedas e restringiu as importações. Foi a resposta que encontrou para a crise econômica internacional de 1929, apesar das reclamações das empresas e dos governos estrangeiros. Com mercado garantido, as empresas cresceram e, em 1933, a produção industrial ultrapassou, pela primeira vez, a agrícola.
Desde Vargas, os governos passaram a trabalhar de braços dados com a indústria. O governo combinava com os industriais o que podia ser importado. Para alguns setores oferecia dólares na taxa oficial e para outros com ágio.
A política trouxe resultados. Entre 1940 e 1960, o número de indústrias saltou de 41 mil para 109 mil, segundo o livro "Viagem pela História do Brasil", de Jorge Caldeira. Nos quatro anos do governo de JK, a produção industrial dobrou de tamanho.
Os militares resolveram enfrentar a crise do petróleo, de 1973, aumentando a aposta na política de substituição de importações. Enquanto outros países freiavam suas economias, o então presidente Ernesto Geisel lançou o II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) com megaprojetos nas áreas de energia nuclear, petroquímica, siderurgia, papel e celulose, além de obras de infra-estrutura. A idéia era transformar o Brasil numa potência econômica.
"Havia uma crise externa e o Brasil precisava fazer frente gerando grandes superávits comerciais", diz o ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso, um dos responsáveis pelo II PND. O governo Geisel criou quase 200 estatais, provocou uma explosão dos gastos com subsídios e um enorme crescimento da dívida externa. (RG)




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