São Paulo, sábado, 11 de maio de 2002

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TARIFA

Reajuste é porque lei mudou

Energia elétrica terá alta de 7% em 4 anos

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As alterações feitas na medida provisória nš 14 (atual lei nš 10.438, que trata do setor elétrico) devem provocar aumentos de tarifas de energia, segundo avaliação de empresários do setor e do Ministério de Minas e Energia.
O mercado avalia, segundo a Folha apurou, que haverá reajustes de aproximadamente 7% em quatro anos por causa das alterações. O governo confirma que as modificações feitas no Congresso têm esse efeito, mas não arrisca um percentual.
Antes das modificações feitas na MP pela Câmara dos Deputados, o governo já calculava que o preço da energia iria disparar a partir deste ano. O choque tarifário até o final de 2003 era estimado em quase 30% em termos reais (acima da inflação). Ou seja, se for considerada a inflação no período, o aumento será ainda maior.
As principais modificações na medida provisória responsáveis pelos aumentos de tarifas são:
1) A criação da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) -subsídio para geração de energia alternativa e atendimento de novos consumidores;
2) A manutenção da RGR (Reserva Global de Reversão), outro encargo do setor usado para novas ligações e programas de uso eficiente de energia;
3) Definição do consumidor de baixa renda como aquele que gasta até 80 kWh por mês e que ficou isento do reajuste extra de 2,9% para os consumidores residenciais.

Aumenta, diz ministro
O ministro Francisco Gomide (Minas e Energia) disse, por meio de sua assessoria, que a criação da CDE ""de fato cria aumento tarifário". Em relação à manutenção da RGR, o ministro disse que ""não cria novo impacto, mas impede a diminuição de tarifas".
Em relação aos consumidores de baixa renda, o ministro reconhece que haverá aumento de tarifas para os demais. ""Quando uma parcela dos consumidores deixa de pagar [tarifas normais", esse custo tem de ser arcado por outra parcela de consumidores".
Gomide disse que os impactos na tarifa ainda estão sendo estudados. O reajuste extra, que foi de 7,9% para a maioria das empresas, vai durar em média seis anos e foi autorizado para repor as perdas das distribuidoras de energia com o racionamento.
Um erro no cálculo na receita do seguro anti-racionamento também poderá provocar aumento da conta de luz. O seguro de R$ 0,0049 por kWh, cobrado dos consumidores desde março, estaria abaixo do valor necessário para pagar o seguro. Outra opção é o Tesouro Nacional bancar parte do custo desse seguro.

Baixa renda
Outra modificação feita durante a tramitação da MP na Câmara é a nova definição dos consumidores de baixa renda. Ficou decidido que todos os que gastam até 80 kWh por mês serão considerados como de ""baixa renda", que pagam tarifas menores.
Pelos cálculos das distribuidoras, o número de consumidores de baixa renda subirá de 13 milhões para cerca de 20 milhões.
Quanto mais consumidores classificados como de baixa renda, menor a receita das distribuidoras. O mercado diz que quando as distribuidoras foram privatizadas, havia um número determinado de consumidores de baixa renda. Aumento nesse número permite pedir revisão de tarifa.



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