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É importante que Brasil coopere, afirma Evo Morales
Boliviano diz que "jamais" irá entrar em atrito com Lula; governo vizinho cogitou voltar atrás em acordo antes do anúncio ontem
Petrobras e Bolívia ainda têm negociações difíceis pela frente, como um aumento temporário de 32% na tributação do gás
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O presidente boliviano, Evo
Morales, comemorou e se mostrou satisfeito com o desfecho
das negociações pelas duas refinarias da Petrobras no país andino."Reconhecemos o Brasil
como um país com avanços e liderança regional, mas sinto
também que é importante que
um país desenvolvido dê a sua
cooperação para que a Bolívia
se levante", afirmou em entrevista coletiva no palácio Quemado, em La Paz.
Morales voltou a dizer que
ele e o presidente Lula são "irmãos" e que "jamais vão se confrontar", "é impossível que iremos nos confrontar".
O preço acertado, de US$ 112
milhões, é menor do que o valor
de mercado calculado por um
estudo independente à Petrobras, de pelo menos US$ 160
milhões. E também é inferior
aos US$ 136 milhões que a empresa diz ter investido com a
compra e a modernização.
A Bolívia, por outro lado,
queria pagar apenas cerca de
US$ 65 milhões, que seria o valor patrimonial das refinarias.
Na noite de quarta-feira, Morales disse que a Petrobras queria inicialmente US$ 200 milhões e, com as reuniões, foi reduzindo sua pedida para US$
153 milhões, US$ 135 milhões,
até chegar aos US$ 112 milhões.
O acordo, fechado na manhã
de ontem, chegou a ficar ameaçado horas mais tarde, quando
o governo boliviano voltou
atrás e procurou a Petrobras
para dizer que o preço teria de
ser revisto e que apresentaria
uma nova proposta, segundo
apurou a Folha.
A Petrobras, que na segunda-feira havia dado um prazo de
48 horas para chegar a um
acordo, respondeu que, se a
carta não chegasse nas próximas horas, recorreria à arbitragem internacional. Aparentemente, a Bolívia desistiu de
reabrir a negociação.
As conversas dos últimos
dias foram realizadas em meio
a um endurecimento do governo Lula após Morales ter emitido um decreto, no domingo,
que proibia a Petrobras de exportar a produção das refinarias. O Palácio do Planalto
ameaçou retaliar congelando
programas de ajuda ao país.
O acordo com as refinarias
encerra o terceiro e último
grande tema de negociações
entre a Bolívia e a Petrobras
-os outros foram os novos
contratos de exploração de gás
natural e o reajuste do preço do
gás exportado ao Brasil.
No caso dos novos contratos
de exploração, o acordo com a
Petrobras foi assinado em outubro, mas só entrou em vigor
neste mês, por causa de uma
série de erros da YPFB no processo de protocolização.
Apesar de sócia minoritária,
a Petrobras opera os dois maiores megacampos de gás da Bolívia, San Alberto e San Antonio,
responsáveis por cerca de metade da produção do combustível no país. Suas sócias são a
francesa Total (15%) e a espanhola Repsol (50%).
Já o reajuste do preço do gás
foi acertado em fevereiro, durante uma conturbada visita de
Morales a Brasília em que houve a intervenção direta de Lula
em favor do aumento.
Apesar do encaminhamento
dos principais temas, a Petrobras e o governo boliviano ainda têm negociações difíceis pela frente, como um aumento
temporário de 32% na tributação do gás e um decreto presidencial que obriga a empresa a
abastecer parte do mercado interno boliviano.
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