São Paulo, segunda, 11 de maio de 1998

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PAPÉIS AVULSOS
Inepar apresenta potencial de crescimento

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local

Os bancos estrangeiros, mais conservadores em seus investimentos, preferem evitar. Mas as ações da Inepar já se tornaram uma verdadeira coqueluche na Bolsa de Valores de São Paulo.
"A empresa atua em setores de ponta, como energia e telecomunicações, e tem um potencial de crescimento fantástico", diz Paulo Renoldi, o Tucho, analista da corretora Coinvalores.
Para Manuel Maceira, do Banco Tendência, os ações da Inepar não estão baratas. Neste ano, subiram 57,43%, contra alta de 10% nas 52 ações que compõem o Ibovespa.
"Mas o papel está muito procurado. A médio e longo prazos, a perspectiva é de alta. É uma empresa que tem tudo para acontecer", diz Maceira.
A Inepar é uma empresa paranaense de participações. Seu objetivo é fazer associações em setores estratégicos.
Está no consórcio Globaltelecom, que ganhou, em abril, a concessão para exploração da banda B de telefonia celular no Paraná e em Santa Catarina. Tem como sócias a Companhia Suzano de Papel e Celulose, a operadora japonesa DDI Corporation, a Motorola e a Nissho Iwai, trading japonesa.
Também no setor de telecomunicações, a Inepar detém 55% da Iridium Brasil S/A e 25% da Iridium da América do Sul. O projeto Iridium, de transmissão de dados por satélite, está previsto para iniciar as operações em todo o mundo no dia 29 setembro.
A Inepar possuiu ainda 49% do capital da Mastec, empresa que vai dar suporte e infra-estrutura para os operadores da banda B.
A Inepar participa do capital de uma TV a cabo em Londrina (PR) e detém 69% de outra, em Blumenau (SC). "Essas duas cidades fazem parte da estratégia maior da Inepar, de levar a TV a cabo ao Mercosul", diz Renoldi.
Sem fazer muito alarde, a Inepar está no consórcio Elca, que tem licença para operar serviço de telefonia no leste da Venezuela, e é associada de grupos de telecomunicações em Buenos Aires, na Argentina.
Em janeiro, a Inepar se associou com o Bradesco e a Companhia Siderúrgica Nacional para fundar uma das maiores empresas do Brasil na área de fabricação e montagem de bens sob encomenda, a Inepar-Fem Equipamentos e Montagens S/A. A empresa vai atuar principalmente como fornecedora de equipamentos do setor energético.
A Inepar participa, ainda, do consórcio que comprou a Centrais Elétricas Mato-grossenses.
Tem participações nas usinas hidrelétricas de Cubatão, de Machadinho (no rio Pelotas, na divisa de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul), de Itiquira (no Mato Grosso,) de Dona Francisca (no Rio Grande do Sul) e nas termoelétricas Litoral Sul (no Paraná) e Independência (na Argentina).
Entre muitas outras, a Inepar tem também associações com a GE Hydro, para equipamentos de hidrogeração, com a norte-americana Hubbell e com a suíça Landis & Gyr, de medidores eletrônicos.
A Inepar comprou em 96 a Sade/Vigesa, empresa de mecânica pesada de Jacareí (SP) e assumiu seus prejuízos. Apesar disso, obteve lucro líquido de R$ 35,592 milhões em 96 e mais R$ 47,158 milhões em 97.
O mercado financeiro vê tantas perspectivas positivas para a empresa que sua ação, após uma média de 370 negócios por mês em 95, passou a ter uma média de 3.715 negócios/mês em 97.
O total de ações negociadas saltou de 2,940 bilhões ao mês em 95, em média, para 26,850 bilhões no ano passado.
Com tamanho volume de negociação, Inepar PN passou a fazer parte do Ibovespa, índice que reúne as 52 ações mais negociadas da Bolsa de Valores de São Paulo. Foram criadas opções de Inepar PN, que aumentaram ainda mais a liquidez do papel, segundo Renoldi.
"A volatilidade de Inepar PN é crescente. Com isso, há operadores que compram a ação para vendê-la no mesmo dia, realizando lucros. Tem gente até que acha que a Inepar é a nova Telebrás", diz Renoldi.
A quantidade de pedidos em carteira da Inepar, que cresceu de R$ 749 milhões no final de 96 para R$ 2,4 bilhões, no final de 97, assusta alguns analistas.
O patrimônio líquido da empresa é de R$ 454 milhões e muitos se perguntam se ela será capaz de realizar todos os investimentos e projetos a que se propôs.



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