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CRIAÇÃO & CONSUMO
Finalmente
ALEX PERISCINOTO
Finalmente uma opção inteligente para segurança pessoal
neste mundo violento.
Esse é o título do anúncio que
vende um produto que diz que
espanta assaltante.
Se você se encontrar em situação de perigo o produto pode
ser levado no bolso, ou na bolsa,
é portátil. Em caso de perigo, ele
aciona uma sirene que vai tocar
além de 110 decibéis. Para ter
uma idéia, o normal são 70 decibéis.
O anúncio diz ainda que é
mais seguro do que levar qualquer tipo de arma. Garante
também que o produto é feito
com toda a tecnologia da Silicon Valley-Califórnia.
Acabamos de ver um anúncio
mentiroso, porque o aparelho
não salva a vida de ninguém
com esse barulho, já que o bandido, ao atacar, diz: não grite,
não faça barulho. Se acionar os
110 decibéis, corre-se um risco
terrível.
Com raríssimas chances de
ajudar a vítima, esse aparelho é
um sucesso de venda nos Estados Unidos.
Nós aqui sabemos que esse
aparelho está longe de resolver
o problema da segurança pessoal, mas faz a gente refletir
sobre duas coisas: uma é que os
jovens que mexem com informática poderiam inventar coisa
melhor. Talento é o que não
falta neste país. E a outra coisa
é que no Brasil já são investidos
por ano R$ 4,5 bilhões no setor
de segurança, sendo que 1 bilhão está concentrado na cidade de São Paulo.
Gostaria de participar de
workshops ou reuniões para
criar instrumentos e não só
campanhas que não adiantam,
entram por um ouvido e saem
pelo outro.
Os R$ 4,5 bilhões cresceriam
ainda muito mais se tivéssemos
mais participação do mundo
eletrônico na nossa segurança.
Ex.: um apartamento no terceiro andar é assaltado, e nenhum
dos outros apartamentos fica
sabendo. Assim como nas residências vizinhas. Fica aqui o
convite para os criativos ficarem ricos nesse novo seguimento do mercado, afinal, quem
não quer comprar segurança
hoje em dia?
Fabricar instrumentos, ainda
que como esse de segurança limitada, é mais eficaz do que
ficar nas poesias em frases sobre
o assunto. É muito dinheiro para pouca segurança.
Alex Periscinoto, publicitário, é sócio da
agência Almap/BBDO.
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