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Mercados já refletem resultado
da ação do BC, afirma Figueiredo
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O diretor de Política Monetária
do Banco Central, Luiz Fernando
Figueiredo, disse que a melhora
do mercado ontem já é resultado
da ação do BC de encurtar os prazos dos títulos públicos federais.
Ele ressaltou, no entanto, que o
BC só usou até agora "uma parcela pequena" dos instrumentos de
que dispõe. "Usaremos todos os
instrumentos que forem necessários para garantir a normalidade
do mercado", afirmou. Ele não
descartou vender LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) com prazo
de vencimento neste ano.
Para ele, a reação do mercado
na semana passada foi exagerada.
"Mas eu diria que aquele primeiro
receio já está eliminado", afirmou. Disse, contudo, que o "BC
não pode e não deve se animar. O
BC precisa é agir para garantir
que isso aconteça [a normalidade
do mercado"".
Devido ao medo de que o próximo governo não respeite os contratos da dívida interna, o mercado passou a evitar títulos públicos
com prazos mais longos, principalmente as LFTs. Para contornar
a turbulência no mercado, que
passou a cobrar do governo juros
cada vez maiores para refinanciar
a dívida interna, o Banco Central
trocou LFTs que venciam em
2004, 2005 e 2006 por papéis com
vencimento no começo de 2003.
Somente na semana passada foram trocados mais de R$ 22 bilhões em LFTs.
No mês passado, o Banco Central teve um ganho de R$ 222 milhões com operações de rolagem
da dívida ("swap" cambial) em
dólar (leia texto ao lado), atreladas a LFTs. Figueiredo discorda
de que o lucro do BC confirma
um excesso da oferta desses papéis no mercado.
Folha - Para alguns especialistas,
o ganho do BC nessas operações
[de "swap" cambial" confirma que
houve um excesso na oferta de
LFTs no mercado. O senhor concorda com essa visão?
Luiz Fernando Figueiredo - Eu
não concordo, uma coisa não tem
nada a ver com a outra. O movimento de cupom [juros embutidos nas operações de rolagem da
dívida em dólar" é totalmente diferente do de mercado de LFT. Se
qualquer mercado está pressionado, os outros mercados ficam
pressionados por contágio. Não
concordo quando dizem que o fato de o cupom ter subido é uma
prova de que houve excesso de
oferta de LFT. Nós tivemos neste
ano um resgate líquido de R$ 23
bilhões de LFTs. Essa versão [do
mercado" não é corroborada pelos fatos.
Folha - O mercado ontem se acalmou um pouco. Essa melhoria adveio das medidas que o Banco Central tomou na semana passada, como redução dos prazos das LFTs?
Figueiredo - Sem dúvida, mas
também porque o mercado está
vendo que essa questão dos fundos não ocorreu como se imaginava. Os fundos estão mostrando
cotas positivas, não estão tendo
movimento grande de saques (...).
Os impactos foram menores que
o esperado. Isso, associado a uma
série de coisas que o BC fez, acabou trazendo o mercado a uma situação de mais normalidade.
Folha - A reação do mercado na
semana passada foi exagerada?
Figueiredo - Nós vimos acontecer na semana passada, no mercado em geral, um "overshooting"
[reação exagerada". Agimos, então, para que o mercado voltasse à
normalidade, e isso já está acontecendo. O BC está disposto a continuar a agir no que for necessário
para que o mercado volte à normalidade (...) Usamos uma parcela pequena dos instrumentos de
que dispomos.
Folha - O Banco Central pode vender LFTs mais curtas ainda, com
prazo de vencimento neste ano?
Figueiredo - Podemos usar todos os instrumentos, e ponto.
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