São Paulo, terça-feira, 11 de junho de 2002

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TROCA DE COMANDO

Indiano Anoop Singh, responsável pela Argentina, assume o Departamento do Hemisfério Ocidental

FMI põe linha-dura para negociar com AL

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

O FMI (Fundo Monetário Internacional) anunciou ontem que o indiano Anoop Singh, economista atualmente encarregado das relações da instituição com o governo da Argentina, passará a comandar também as negociações com o Brasil e com todos os outros países latino-americanos.
Singh ocupará o cargo de diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo, substituindo o argentino Claudio Loser, que decidiu aposentar-se.
A saída de Loser já era esperada desde fevereiro, quando a gerência do FMI retirou-o das negociações com a Argentina após considerá-lo pouco rigoroso.
Loser dirigia o departamento desde 1994. Para várias autoridades latino-americanas, era um dos poucos economistas no FMI que compreendiam os efeitos político e social das receitas econômicas elaboradas pelo Fundo.
Singh, seu substituto, era subdiretor do FMI para as regiões da Ásia e Pacífico e coordenou toda a estratégia da instituição durante a crise asiática, entre 1997 e 1999. Em fevereiro passado, foi convidado pela vice-diretora-gerente do Fundo, Anne Krueger, para ocupar o cargo (criado especialmente para ele) de diretor de operações especiais -cuja principal função era desfazer o nó das negociações do FMI com o governo de Buenos Aires.
Com a decisão de ontem, Singh, que está no FMI há mais de 25 anos, amplia seu comando na América Latina ao assumir a posição de diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental.
Durante os últimos quatro meses, o contato de Singh com o governo argentino foi pautado pelo rigor e por conflitos quase diários. O representante do governo argentino no FMI, Guillermo Zoccali, já reclamou diversas vezes do indiano para a direção do Fundo. Numa delas, acusou Singh de "faltar com a verdade" ao relatar que os bancos estrangeiros se opunham à idéia de conversão voluntária dos depósitos bancários dos argentinos. Segundo Zoccali, os bancos estrangeiros nunca se manifestaram sobre o assunto.
Sob o ponto de vista da América Latina, a substituição de Loser por Singh completa um ciclo de mudanças radicais no FMI, que começou em 2000, com a saída de Michel Camdessus do comando da instituição, e que avançou em 2001, com a saída de Stanley Fischer, o número 2.
As mudanças estão associadas à vitória dos republicanos nas últimas eleições presidenciais norte-americanas e à adoção da filosofia do presidente George W. Bush de reduzir a frequência e o volume dos pacotes do Fundo para países em dificuldade.



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