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TROCA DE COMANDO
Indiano Anoop Singh, responsável pela Argentina, assume o Departamento do Hemisfério Ocidental
FMI põe linha-dura para negociar com AL
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
O FMI (Fundo Monetário Internacional) anunciou ontem que o
indiano Anoop Singh, economista atualmente encarregado das relações da instituição com o governo da Argentina, passará a comandar também as negociações
com o Brasil e com todos os outros países latino-americanos.
Singh ocupará o cargo de diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo, substituindo o argentino Claudio Loser,
que decidiu aposentar-se.
A saída de Loser já era esperada
desde fevereiro, quando a gerência do FMI retirou-o das negociações com a Argentina após considerá-lo pouco rigoroso.
Loser dirigia o departamento
desde 1994. Para várias autoridades latino-americanas, era um
dos poucos economistas no FMI
que compreendiam os efeitos político e social das receitas econômicas elaboradas pelo Fundo.
Singh, seu substituto, era subdiretor do FMI para as regiões da
Ásia e Pacífico e coordenou toda a
estratégia da instituição durante a
crise asiática, entre 1997 e 1999.
Em fevereiro passado, foi convidado pela vice-diretora-gerente
do Fundo, Anne Krueger, para
ocupar o cargo (criado especialmente para ele) de diretor de operações especiais -cuja principal
função era desfazer o nó das negociações do FMI com o governo
de Buenos Aires.
Com a decisão de ontem, Singh,
que está no FMI há mais de 25
anos, amplia seu comando na
América Latina ao assumir a posição de diretor do Departamento
do Hemisfério Ocidental.
Durante os últimos quatro meses, o contato de Singh com o governo argentino foi pautado pelo
rigor e por conflitos quase diários.
O representante do governo argentino no FMI, Guillermo Zoccali, já reclamou diversas vezes do
indiano para a direção do Fundo.
Numa delas, acusou Singh de "faltar com a verdade" ao relatar que
os bancos estrangeiros se opunham à idéia de conversão voluntária dos depósitos bancários dos
argentinos. Segundo Zoccali, os
bancos estrangeiros nunca se manifestaram sobre o assunto.
Sob o ponto de vista da América
Latina, a substituição de Loser por
Singh completa um ciclo de mudanças radicais no FMI, que começou em 2000, com a saída de
Michel Camdessus do comando
da instituição, e que avançou em
2001, com a saída de Stanley Fischer, o número 2.
As mudanças estão associadas à
vitória dos republicanos nas últimas eleições presidenciais norte-americanas e à adoção da filosofia
do presidente George W. Bush de
reduzir a frequência e o volume
dos pacotes do Fundo para países
em dificuldade.
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