São Paulo, terça-feira, 11 de junho de 2002

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Previ perde R$ 600 milhões com ajuste de carteira de títulos públicos

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

A Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) registrou um prejuízo de R$ 600 milhões no balancete de maio ao ajustar sua carteira de títulos públicos federais às novas regras do BC (Banco Central). A perda refletiu também a reavaliação, para menos, da participação da Previ na Cia. Vale do Rio Doce.
A informação é do secretário de Previdência Complementar, José Roberto Savoia, responsável pela intervenção federal na Previ. Segundo ele, as perdas foram contabilizadas em 31 de maio, último dia útil anterior à intervenção, por decisão da distribuidora do BB.
A distribuidora, diz o secretário, administra a carteira de títulos federais da Previ e o fundo de investimentos que tem as ações da Vale. Ele disse que a distribuidora teria cumprido determinação do BC e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Mesmo assim, fez questão de destacar que a Secretaria de Previdência Complementar e o interventor não participaram da decisão.
A Previ é uma das acionistas controladoras da Vale. Participa, com outros fundos de pensão estatais, da empresa Bitel, que tem 41% da holding Valepar, controladora da Vale. Segundo Savoia, a distribuidora do BB rebaixou o valor de registro das ações da Bitel de R$ 21 para R$ 14 o lote, gerando um prejuízo para o fundo.
O anúncio da perda de R$ 600 milhões pegou de surpresa os ex-diretores da Previ que foram afastados com a intervenção. Até o ex-presidente da fundação, Luiz Tarquínio Ferro, que preside o Conselho de Administração da Valepar, declarou ter tomado conhecimento do fato apenas pela imprensa, ontem à tarde.
Segundo Tarquínio, as ações da Bitel (que integra o bloco de controle da Vale) estavam registradas com dois preços diferentes. Parte dos papéis tinha por base o valor da privatização da Vale -R$ 8 o lote- e outra parte estava registrada a valores de dezembro de 2000 (R$ 21 o lote) quando houve aumento de capital na Valepar.

Inquérito
Savoia confirmou que a Previ e outros fundos de pensão estatais tiveram participação irregular na privatização do Sistema Telebrás, ocorrida em julho de 1998.
A Secretaria de Previdência Complementar fez uma fiscalização extraordinária nos fundos de pensão e concluiu que eles emprestaram dinheiro às empresas privadas que integravam o consórcio Telemar, o que é proibido pela legislação. Savoia disse que os ex-dirigentes dos fundos de pensão, que aprovaram os empréstimo na ocasião, poderão ser processados e responsabilizados pelo governo. Em 1998, os fundos de pensão estatais adiantaram R$ 125 milhões a outros integrantes do consórcio Telemar.



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