São Paulo, terça-feira, 11 de junho de 2002

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Argentina não obtém data para nova missão

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

O governo argentino sofreu ontem duas novas derrotas em suas negociações para a liberação de um novo empréstimo do FMI. Além de novamente não conseguir marcar a data para o envio de uma nova missão do Fundo ao país, o ministro Roberto Lavagna (Economia) ainda assistiu à promoção de seu desafeto dentro do FMI, o indiano Anoop Singh, para a diretoria da instituição.
No final da tarde de ontem, Lavagna conversou por telefone durante 30 minutos com a vice-diretora-gerente do Fundo, Anne Krueger. Assim como já havia acontecido na semana passada, os dois não conseguiram chegar a um acordo para adequar às exigências do FMI a lei de Subversão Econômica -que facilita a abertura de processo contra banqueiros- aprovada no Congresso e o plano para flexibilizar as restrições bancárias do curralzinho.
Devido ao impasse, os dois voltariam a se falar hoje, quando marcariam a data e as condições para que uma nova missão do Fundo seja enviada ao país.
Antes disso, o FMI já havia anunciado a indicação do chefe da missão para o caso argentino, Anoop Singh, para o cargo de diretor para o Hemisfério Ocidental, posto antes ocupado pelo argentino Cláudio Loser (leia texto acima). Nos últimos meses, enquanto chefiou as missões do FMI na Argentina, Singh Anne Krueger lideraram o estabelecimento de uma política mais linha-dura nas negociações.
Indicado para coletar dados macroeconômicos e esclarecer as exigências do organismo no país, Singh entrou várias vezes em atrito com o governo do presidente Eduardo Duhalde.
O último atrito foi causado pelo plano para flexibilizar as restrições bancárias impostas pelo curralzinho, divulgado há dez dias pelo ministro Roberto Lavagna (Economia).
Singh informou à diretoria do FMI que os bancos estrangeiros eram contrários ao plano e defendiam a devolução dos depósitos congelados pelo curralzinho com bônus obrigatórios, e não optativos como propunha o ministro.
O episódio irritou Lavagna, para quem Singh teria distorcido informações. Por isso, a Argentina apresentou uma reclamação formal ao FMI contra Singh.
O indiano também não conta com a simpatia da população argentina. Em abril, o funcionário foi perseguido por manifestantes que chegaram a invadir o hotel em que ele estava hospedado em Buenos Aires para protestar.

Dólar
O dólar livre fechou em baixa de 2,7% ontem nas casas de câmbio argentinas. A queda foi causada pela maior oferta de moeda dos exportadores, que liquidaram US$ 83 milhões no Banco Central. Foi a primeira vez em que o dólar caiu sem que a instituição fosse obrigada a gastar reservas internacionais.



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