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Argentina não obtém data para nova missão
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
O governo argentino sofreu ontem duas novas derrotas em suas
negociações para a liberação de
um novo empréstimo do FMI.
Além de novamente não conseguir marcar a data para o envio de
uma nova missão do Fundo ao
país, o ministro Roberto Lavagna
(Economia) ainda assistiu à promoção de seu desafeto dentro do
FMI, o indiano Anoop Singh, para a diretoria da instituição.
No final da tarde de ontem, Lavagna conversou por telefone durante 30 minutos com a vice-diretora-gerente do Fundo, Anne
Krueger. Assim como já havia
acontecido na semana passada, os
dois não conseguiram chegar a
um acordo para adequar às exigências do FMI a lei de Subversão
Econômica -que facilita a abertura de processo contra banqueiros- aprovada no Congresso e o
plano para flexibilizar as restrições bancárias do curralzinho.
Devido ao impasse, os dois voltariam a se falar hoje, quando
marcariam a data e as condições
para que uma nova missão do
Fundo seja enviada ao país.
Antes disso, o FMI já havia
anunciado a indicação do chefe
da missão para o caso argentino,
Anoop Singh, para o cargo de diretor para o Hemisfério Ocidental, posto antes ocupado pelo argentino Cláudio Loser (leia texto
acima). Nos últimos meses, enquanto chefiou as missões do FMI
na Argentina, Singh Anne Krueger lideraram o estabelecimento
de uma política mais linha-dura
nas negociações.
Indicado para coletar dados
macroeconômicos e esclarecer as
exigências do organismo no país,
Singh entrou várias vezes em atrito com o governo do presidente
Eduardo Duhalde.
O último atrito foi causado pelo
plano para flexibilizar as restrições bancárias impostas pelo curralzinho, divulgado há dez dias
pelo ministro Roberto Lavagna
(Economia).
Singh informou à diretoria do
FMI que os bancos estrangeiros
eram contrários ao plano e defendiam a devolução dos depósitos
congelados pelo curralzinho com
bônus obrigatórios, e não optativos como propunha o ministro.
O episódio irritou Lavagna, para quem Singh teria distorcido informações. Por isso, a Argentina
apresentou uma reclamação formal ao FMI contra Singh.
O indiano também não conta
com a simpatia da população argentina. Em abril, o funcionário
foi perseguido por manifestantes
que chegaram a invadir o hotel
em que ele estava hospedado em
Buenos Aires para protestar.
Dólar
O dólar livre fechou em baixa de 2,7% ontem nas casas de câmbio argentinas. A queda foi causada pela maior oferta de moeda dos exportadores, que liquidaram
US$ 83 milhões no Banco Central. Foi a primeira vez em que o dólar
caiu sem que a instituição fosse obrigada a gastar reservas internacionais.
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