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VarigLog registra gastos de R$ 13 mi sem comprovação
Do total, 60% foram para advogados; escritório de Teixeira recebeu R$ 840 mil em 3 meses
Assessoria do compadre de Lula confirma recebimento dos pagamentos e afirma que foram emitidas notas fiscais pelo serviço prestado
ALAN GRIPP
FERNANDA ODILLA
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A VarigLog contabilizou gastos de R$ 13 milhões entre julho de 2006 e fevereiro de 2008
sem comprovação por contratos e notas fiscais. Desse valor,
60% foram para escritórios de
advocacia, como o de Roberto
Teixeira -compadre do presidente Lula e defensor do fundo
americano Matlin Patterson,
um dos sócios da VarigLog.
Os dados estão em laudo feito
pela L&A Consultores Associados, ao qual a Folha teve acesso
e que foi encomendado pelo
ex-interventor da VarigLog José Carlos Rocha Lima. Ele foi
nomeado em março pela Justiça para administrar a empresa
durante litígio entre os seus sócios e afastado um mês depois.
Os registros contábeis da
empresa revelam que R$ 8 milhões -60% do total- foram
destinados a 16 escritórios de
advocacia. O escritório Teixeira, Martins & Advogados, do
compadre de Lula, recebeu R$
840 mil em apenas três meses
no ano passado.
Teixeira, via assessoria, confirmou ter recebido os pagamentos e disse que emitiu notas fiscais pelos serviços prestados -mas não as mostrou.
Apesar de registrados como
pagamentos feitos pela VarigLog, a L&A Consultores não
identificou contratos, notas fiscais nem registros que comprovassem o repasse dos recursos
aos fornecedores listados. "Não
conseguimos localizar a saída
[dos R$ 13 milhões]", disse Carlos Ayres, autor do laudo.
Os relatórios que indicam os
pagamentos registrados pela
companhia estão em processo
que tramita na 17ª Vara do Tribunal de Justiça de São Paulo.
No topo da lista elaborada
pela consultoria, está o escritório de Alexandre Thiollier, defensor dos três sócios brasileiros da VarigLog. O Thiollier
Advogados consta como beneficiário de R$ 4,4 milhões, divididos em sete parcelas de valores diferenciados. Somente nos
dois primeiros meses deste
ano, há registro de pagamento
de R$ 2,2 milhões.
O Teixeira, Martins & Advogados vem em segundo lugar.
Há registros de pagamento para Teixeira em março, maio e
junho de 2007. Em junho, teriam sido repassados R$ 509
mil. Segundo Marco Antonio
Audi, um dos sócios da VarigLog, a empresa pagou US$ 5
milhões a Teixeira, o que o advogado nega.
Os brasileiros, defendidos
por Thiollier, e o fundo norte-americano, representado por
Teixeira, travam na Justiça disputa pelo controle da VarigLog.
Além de gastos com advogados,
a companhia contabilizou pagamentos com empresas de assessoria, agências de viagem,
cartões de crédito e telefonia.
O advogado Roberto Podval,
que teria ganho R$ 375,5 mil,
confirmou ter assinado contrato para defender os sócios da
companhia na CPI da Assembléia Legislativa do Rio. Ele
disse ter recebido parte do pagamento. "Decidimos esperar
pelo fim da disputa entre os sócios para cobrarmos. Temos
notas de tudo o que recebemos", disse.
Em nota, o escritório Thiollier Advogados informou que
não se manifesta sobre questões que envolvam honorários.
O Mosimann, Horn & Advogados Associados informou, por
meio de nota, que foi contratado para prestar assessoria jurídica e, pelo serviço, recebeu R$
172 mil e emitiu nota fiscal.
Helios Nogues, do Nogues,
Benvenutti Advogados, disse
ter prestado serviço para os sócios brasileiros e emitido recibos. O advogado Plínio Rangel
Pestana Filho não respondeu à
Folha. Procurada, a VarigLog
disse que não se manifestaria
sobre o assunto.
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