São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 2008

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VarigLog registra gastos de R$ 13 mi sem comprovação

Do total, 60% foram para advogados; escritório de Teixeira recebeu R$ 840 mil em 3 meses

Assessoria do compadre de Lula confirma recebimento dos pagamentos e afirma que foram emitidas notas fiscais pelo serviço prestado


ALAN GRIPP
FERNANDA ODILLA
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A VarigLog contabilizou gastos de R$ 13 milhões entre julho de 2006 e fevereiro de 2008 sem comprovação por contratos e notas fiscais. Desse valor, 60% foram para escritórios de advocacia, como o de Roberto Teixeira -compadre do presidente Lula e defensor do fundo americano Matlin Patterson, um dos sócios da VarigLog.
Os dados estão em laudo feito pela L&A Consultores Associados, ao qual a Folha teve acesso e que foi encomendado pelo ex-interventor da VarigLog José Carlos Rocha Lima. Ele foi nomeado em março pela Justiça para administrar a empresa durante litígio entre os seus sócios e afastado um mês depois.
Os registros contábeis da empresa revelam que R$ 8 milhões -60% do total- foram destinados a 16 escritórios de advocacia. O escritório Teixeira, Martins & Advogados, do compadre de Lula, recebeu R$ 840 mil em apenas três meses no ano passado.
Teixeira, via assessoria, confirmou ter recebido os pagamentos e disse que emitiu notas fiscais pelos serviços prestados -mas não as mostrou.
Apesar de registrados como pagamentos feitos pela VarigLog, a L&A Consultores não identificou contratos, notas fiscais nem registros que comprovassem o repasse dos recursos aos fornecedores listados. "Não conseguimos localizar a saída [dos R$ 13 milhões]", disse Carlos Ayres, autor do laudo.
Os relatórios que indicam os pagamentos registrados pela companhia estão em processo que tramita na 17ª Vara do Tribunal de Justiça de São Paulo.
No topo da lista elaborada pela consultoria, está o escritório de Alexandre Thiollier, defensor dos três sócios brasileiros da VarigLog. O Thiollier Advogados consta como beneficiário de R$ 4,4 milhões, divididos em sete parcelas de valores diferenciados. Somente nos dois primeiros meses deste ano, há registro de pagamento de R$ 2,2 milhões.
O Teixeira, Martins & Advogados vem em segundo lugar. Há registros de pagamento para Teixeira em março, maio e junho de 2007. Em junho, teriam sido repassados R$ 509 mil. Segundo Marco Antonio Audi, um dos sócios da VarigLog, a empresa pagou US$ 5 milhões a Teixeira, o que o advogado nega.
Os brasileiros, defendidos por Thiollier, e o fundo norte-americano, representado por Teixeira, travam na Justiça disputa pelo controle da VarigLog. Além de gastos com advogados, a companhia contabilizou pagamentos com empresas de assessoria, agências de viagem, cartões de crédito e telefonia.
O advogado Roberto Podval, que teria ganho R$ 375,5 mil, confirmou ter assinado contrato para defender os sócios da companhia na CPI da Assembléia Legislativa do Rio. Ele disse ter recebido parte do pagamento. "Decidimos esperar pelo fim da disputa entre os sócios para cobrarmos. Temos notas de tudo o que recebemos", disse.
Em nota, o escritório Thiollier Advogados informou que não se manifesta sobre questões que envolvam honorários. O Mosimann, Horn & Advogados Associados informou, por meio de nota, que foi contratado para prestar assessoria jurídica e, pelo serviço, recebeu R$ 172 mil e emitiu nota fiscal.
Helios Nogues, do Nogues, Benvenutti Advogados, disse ter prestado serviço para os sócios brasileiros e emitido recibos. O advogado Plínio Rangel Pestana Filho não respondeu à Folha. Procurada, a VarigLog disse que não se manifestaria sobre o assunto.


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