|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CURTO-CIRCUITO
Lessa afirma que venda de papéis da distribuidora, que servem de garantia para dívida, pode sair neste mês
BNDES diz leiloar já ações da Eletropaulo
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Carlos Lessa, disse ontem que o leilão das
ações preferenciais da Eletropaulo pertencentes à AES Transgás,
subsidiária da norte-americana
AES, deverá ocorrer ainda neste
mês. "Está muito próximo. Pode
sair ainda neste mês", afirmou.
Essas ações, que correspondem
a cerca de 70% do total das preferenciais da Eletropaulo, foram
compradas em janeiro de 2000. O
BNDES foi ao mesmo tempo vendedor da maior parte delas e financiador da operação, com um
empréstimo de aproximadamente US$ 1 bilhão. Do total emprestado, a AES deve ainda cerca de
US$ 600 milhões.
No dia 28 de fevereiro, a empresa americana deixou de pagar
uma parcela de US$ 330 milhões e
ficou inadimplente. Em 30 de
abril o BNDES anunciou a intenção de leiloar as ações -a principal garantia do empréstimo.
Embora na época o prazo para a
realização do leilão tenha sido estimado em 45 dias, passados mais
de 70 dias ainda não há data marcada. O BNDES vem priorizando
a busca de uma saída negociada
para receber seus créditos com a
AES, que no total somam cerca de
US$ 1,2 bilhão.
Outro problema para o BNDES
é o fato de as ações preferenciais
da Eletropaulo estarem valendo
hoje menos de um quarto do que
valiam quando foram compradas
pela AES Transgás. A não ser que
as ações tenham uma grande valorização até o leilão, o BNDES
perderá mais de US$ 400 milhões.
Segundo Lessa, o leilão só não
foi realizado ainda porque os trâmites formais no Brasil são demorados. As ações estão sob custódia
da CBLC (Câmara Brasileira de
Liquidação e Custódia) e só seriam transferidas para o nome da
AES quando ela concluísse o pagamento do empréstimo. A CBLC
será a responsável pelo leilão.
O BNDES pretende também leiloar as ações ordinárias (com direito a voto) da Eletropaulo, por
meio das quais o grupo AES controla a distribuidora de energia.
Elas também foram compradas
com empréstimo do BNDES.
A venda das ações ordinárias é
um processo mais complicado,
semelhante a um leilão de privatização. Por enquanto, o BNDES só
prepara a licitação para escolher
as empresas que irão avaliar as
ações. O mercado espera uma batalha judicial pelas ações, que representam o direito de controlar o
capital da Eletropaulo.
Varig-TAM
Questionado ontem sobre o que
mais o preocupa, se a dívida da
AES ou a fusão Varig-TAM, Lessa
afirmou que, "do ponto de vista
da organização do país", é o setor
aéreo. "O Brasil tem 160 aeroportos e 8,5 milhões de quilômetros
quadrados. A aviação interna é
muito importante e o país ganha,
anualmente, mais de US$ 1 bilhão
com viagens internacionais. Tudo
isso tem que ser preservado", afirmou Lessa.
Segundo ele, "os fundamentos
sólidos" do setor elétrico permitirão que o problema do endividamento das empresas seja resolvido "mais cedo ou mais tarde".
Microcrédito
Lessa também afirmou que, se
necessário, os recursos do FAT
(Fundo de Amparo ao Trabalhador) para o programa de microcrédito do governo poderão passar de R$ 1 bilhão para R$ 2 bilhões.
"Eu percebo que, quando esse
bilhão [já liberado] acabar, o Codefat [Conselho Deliberativo do
FAT] dá outro bilhão para isso",
afirmou ontem, durante palestra
para dirigentes de bancos de desenvolvimento estaduais e regionais. Para empréstimos de até R$
1.000, o programa de microcrédito cobrará juros máximos de 2%
ao mês.
Texto Anterior: Marcha lenta: CNI refaz conta e prevê que país vá crescer 1,5% Próximo Texto: Energia: Conta de luz pode subir 21,75% em SP e em MS Índice
|