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São Paulo, sexta-feira, 11 de julho de 2003

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VIZINHO EM CRISE

Governo anuncia reajuste só para o setor privado; Lavagna diz que medida visa aquecer a economia

Salário mínimo sobe 50% na Argentina

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

O governo argentino anunciou ontem um aumento de 50% no salário mínimo, que passará dos atuais 200 pesos para 300 pesos até o final do ano. O reajuste, que só vale para o setor privado, será feito de forma gradual. O salário sobe para 250 pesos em julho (medida retroativa ao dia 1º) e terá adicionais de 10 pesos mensais até chegar aos 300 pesos em dezembro.
O reajuste foi regulamentado por decreto assinado ontem pelo presidente Néstor Kirchner. Há dez anos os trabalhadores argentinos não tinham reajuste de salário. A última atualização havia sido feita em 1993.
A aposentadoria para o setor privado também aumentará, de 200 pesos para 220 pesos (10%). Inicialmente, o governo da Argentina pretende beneficiar 1,5 milhão de pessoas com o aumento da aposentadoria.
O governo decidiu ainda incorporar de forma progressiva aos salários o abono provisório de 200 pesos que havia sido concedido aos trabalhadores com registro em carteira do setor privado no ano passado. O adicional deixará de ser provisório e terá de fazer parte do cálculo de remunerações extras, como as férias.
Segundo o ministro da Economia, Roberto Lavagna, o objetivo é estimular o consumo e com isso ampliar a reativação da economia. "A decisão partiu de sinais positivos como o aumento da arrecadação e a reativação da economia", afirmou. Em junho, a Argentina teve arrecadação recorde -6,4 bilhões de pesos.

Repercussão
"Essa medida não vai estimular o consumo. Ao contrário, vai contrair a oferta de emprego e elevar os custos do setor privado e a desconfiança", rebate o economista Aldo Abram, professor da UBA (Universidade de Buenos Aires) e diretor da consultoria Exante.

Desemprego
De acordo com o Indec, instituto de estatísticas do governo, a PEA (População Economicamente Ativa) da Argentina é de 20 milhões de pessoas. No entanto o país enfrenta uma das piores crises no mercado de trabalho. Desse total, 17,9% estão desempregados e 19,9% subempregados. A população argentina é de 36 milhões de habitantes.
O aumento do salário também não cobre o valor da cesta básica de alimentos, que custa 318 pesos, segundo o último levantamento do Indec.


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