São Paulo, terça-feira, 11 de julho de 2006

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Liminar suspende cessão de área de porto ao Opportunity

Direção de Santos cedeu ao grupo de Daniel Dantas, sem licitação, área de 112 mil m2

Concorrente pede licitação pública da área, mas Codesp afirma que vai recorrer da decisão e nega irregularidade no processo

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O juiz da 4ª Vara da Justiça Federal de Santos, Marcelo Souza Aguiar, impediu a Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo) de entregar à Santos Brasil, do grupo Opportunity, uma área de 112 mil metros quadrados na margem esquerda do porto de Santos.
A diretoria da Codesp (estatal federal, vinculada ao Ministério dos Transportes) já havia assinado o aditivo contratual para cessão da área, ao preço aproximado de R$ 200 mil mensais, que está agora suspenso. A Codesp anunciou que vai recorrer da decisão.
O juiz deu liminar ao grupo Libra Terminais, que se achou prejudicado pela Codesp. A empresa entrou com mandado segurança, sob a alegação de que também tem interesse em explorar a área e que havia solicitado, meses antes, à Codesp a realização de licitação pública para a escolha do arrendatário do local.
A Santos Brasil e a Libra Terminais têm contratos de concessão, por 25 anos, com a Codesp para operação de áreas do porto de Santos. A primeira atua na margem esquerda do porto, e a segunda, na margem direita. As duas se interessaram em ocupar a área de 112 mil metros quadrados que, segundo a Codesp, é coberta por água e lama e precisará de investimento para se transformar em cais.

Área excelente
Na ação judicial, a Libra afirma que área é excelente para movimentação e armazenagem de cargas. Diz que, em março último, procurou a autoridade portuária e pediu que ela abrisse licitação para arrendamento da área.
Segundo a Libra, a Codesp demorou quatro meses para lhe responder e deu uma resposta contraditória.
A estatal, segundo consta na ação judicial, afirmou que o pedido não seria sequer apreciado pela diretoria porque a empresa já opera dois terminais especializados em movimentação de contêineres no porto de Santos, e há uma resolução da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) que proíbe a concentração de mercado.
"Não seria o caso, até porque nós somos muito menores que a Santos Brasil, que é a maior operadora de contêineres de Santos", disse Mauro Salgado, presidente da Libra.
A empresa soube que a diretoria da Codesp tinha aprovado a cessão da área, sem licitação pública, para a Santos Brasil, e decidiu ir à Justiça.
Consta na ação judicial que quatro empresas exploram áreas no porto de Santos: Santos Brasil (764 mil metros quadrados), Libra (103 mil metros quadrados), Rodrimar (50,3 mil metros quadrados) e Tecondi (141,27 mil metros quadrados).
A Libra acusa a Codesp de ter arrendado outros 180 mil metros quadrados de área à Santos Brasil, também sem licitação, em agosto de 2003.
No dia seguinte à liminar do juiz, o "Diário Oficial" do Estado publicou o aditivo contratual entre a Codesp e a Santos Brasil. A autoridade portuária diz que só foi notificada da liminar por volta do meio-dia de ontem, quando suspendeu os efeitos do aditivo.


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