São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 2000


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CUSTO DE VIDA
Seca, geada e preços regulados pelo governo causam maior alta mensal desde 95, mas índice deve cair neste mês
Inflação de julho é igual à do 1º semestre

DA SUCURSAL DO RIO
E DA REPORTAGEM LOCAL

A inflação de julho no país foi quase igual à de todo o primeiro semestre. Foi a mais alta, em um mês, desde julho de 1995. Superou as expectativas do governo e do mercado. Mas deve cair já a partir deste mês, segundo o instituto de análises econômicas da USP, a Fipe, que mede a inflação apenas em São Paulo.
O IPCA de julho subiu 1,61%, na maior parte provocado pela alta dos preços administrados pelo governo -isto é, aqueles cujo aumento depende de autorização federal ou são por ele regulados. Em junho, a inflação havia sido de 0,23%
Combustíveis, telefones e energia elétrica foram a causa de mais da metade do aumento do índice de julho, mas o preço da comida foi o que apresentou a maior alta. A seca prejudicou a produção de alimentos; a geada, em seguida, acabou por abater o nível da safra. Com a oferta menor de produtos, os preços subiram.
Segundo a Fipe, os efeitos da safra menor e das tarifas públicas devem diminuir neste mês e em setembro, derrubando rapidamente os índices de inflação. A preocupação restante deve ficar restrita às tarifas públicas.
O IPCA é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo -a principal medida da inflação no Brasil, registrada pelo IBGE. Reflete a variação dos preços em 11 regiões metropolitanas.
Curitiba, Porto Alegre e Goiânia tiveram as maiores altas de preços em julho. Belém teve a menor inflação.

Combustível inflado
Entre os derivados de petróleo, a gasolina apresentou aumento de 10,27%; o álcool, 13,44%; e o gás de botijão, 5,53%. "A gasolina passou por três grandes impasses em julho: a alteração na cobrança do PIS e da Cofins, a mudança no preço do petróleo no último dia 15 e o reajuste nos postos 15 dias depois", comentou a gerente do Sistema de Índice de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.
A alta das tarifas telefônicas, em torno de 8,61%, foi a segunda maior contribuição individual para o aumento do índice. A alta da energia elétrica foi de 4,85% e os maiores reajustes de preços foram identificados em São Paulo (13,34%) e Curitiba (14,86%).
Segundo Eulina dos Santos, os produtos alimentícios vinham apresentando comportamento parecido com o do ano passado, mas passaram a se diferenciar em função das condições climáticas registradas neste ano. O grupo de alimentação e bebidas, com variação de 1,78 ponto percentual sobre junho, não apresentava alta desde fevereiro e só saiu da variação negativa a partir de junho.
"A estiagem e as geadas prejudicam plantações e inibem a oferta de produtos. A entressafra do gado, com as más condições do pasto, também contribuem para o aumento de preço tanto da carne como do leite", explica Eulina dos Santos.
Ainda entre os gêneros não-alimentícios, apresentaram variações significativas o pedágio (13,90%), passagens aéreas (10,39%), gás encanado (7,29%) e óleo diesel (7,19%).


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