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São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2003

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MERCADO FINANCEIRO

Para especialistas, avanço na reforma da Previdência e melhora no perfil da dívida justificariam mudança

Agências podem melhorar notas do Brasil

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois do avanço da reforma da Previdência Social, investidores esperam agora que agências estrangeiras melhorem a classificação do risco de crédito do Brasil.
No final da semana passada circularam boatos de que agências que avaliam a capacidade e a disposição de governos de honrar o serviço de suas dívidas, especialmente Standard & Poor's e FitchRatings, alterariam as notas atribuídas ao Brasil.
"O bom encaminhamento das reformas, num prazo surpreendente; a melhora do perfil da dívida, pela queda do dólar; e o ganho na parte fiscal já justificariam essa mudança na recomendação do Brasil", diz Júlio Ziegelman, do BankBoston.
"A velocidade com que a reforma foi escrita, enviada e aprovada [em primeiro turno na Câmara] foi enorme; a inflação está sob controle e o perfil do endividamento melhorou com a diminuição da dívida atrelada ao câmbio", concorda Paulo Vaz, diretor do Unibanco Asset Management. "Não há razão para que a nota não seja alterada."
Embora seja uma sinalização importante, o aumento da nota do risco de crédito do Brasil poderá ainda não ser suficiente para atrair um grande volume de investimentos para o país.
"O país precisaria chegar ao patamar de "grau de investimento" para que grandes investidores, como fundos de pensão estrangeiros, se tornem potenciais compradores de títulos brasileiros. Ainda temos duas notas para atingi-lo, mas uma melhora na classificação é sempre uma boa notícia", diz Paulo Caricatti, superintendente do Citigroup Asset Management.
Para atingir o "grau de investimento", o país tem de ter ao menos a nota BBB, que indicaria, segundo as agências, "capacidade adequada para honrar compromissos financeiros, porém mais sujeita [que as categorias superiores] a condições econômicas adversas".
A Standard & Poor's classifica o risco soberano brasileiro como B+, "mais vulnerável às condições de negócios, financeiras e econômicas, porém apresenta atualmente capacidade para honrar compromissos financeiros".
A FitchRatings melhorou em junho, pela segunda vez neste ano, a avaliação do país ao alterar a perspectiva dos títulos brasileiros de "estável" para "positiva". A nota, porém, continua sendo B, a mesma desde outubro de 2002.
Mesmo que a melhora na avaliação não venha, a Bolsa pode se beneficiar com os boatos de aumento da recomendação para o país, segundo Ziegelman.
"Com a boataria, cria-se uma expectativa à qual os investidores tentam se antecipar. Quando vier a melhora na classificação do país, ela já estará no preço."
Muitas vezes a mudança de avaliação das agências vem ratificar uma melhora do risco-país -o Embi+, medido pelo JP Morgan. Na sexta-feira, o risco caiu 4%, para 810 pontos, mas chegou a subir quase 5% na segunda-feira.

Dados dos EUA
O mercado acompanha com atenção a reunião do Federal Reserve (o banco central dos EUA) amanhã. A expectativa é a manutenção da taxa de juros em 1%.
Na quinta-feira sai o resultado da balança comercial em junho e, na sexta, os dados sobre a inflação e a produção industrial em julho, além do índice de confiança do consumidor da Universidade de Michigan. Exceto a inflação, que deve permanecer estável, os outros indicadores podem apontar uma discreta melhora, segundo economistas.

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