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MERCADO FINANCEIRO
Para especialistas, avanço na reforma da Previdência e melhora no perfil da dívida justificariam mudança
Agências podem melhorar notas do Brasil
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois do avanço da reforma da
Previdência Social, investidores
esperam agora que agências estrangeiras melhorem a classificação do risco de crédito do Brasil.
No final da semana passada circularam boatos de que agências
que avaliam a capacidade e a disposição de governos de honrar o
serviço de suas dívidas, especialmente Standard & Poor's e FitchRatings, alterariam as notas atribuídas ao Brasil.
"O bom encaminhamento das
reformas, num prazo surpreendente; a melhora do perfil da dívida, pela queda do dólar; e o ganho
na parte fiscal já justificariam essa
mudança na recomendação do
Brasil", diz Júlio Ziegelman, do
BankBoston.
"A velocidade com que a reforma foi escrita, enviada e aprovada
[em primeiro turno na Câmara]
foi enorme; a inflação está sob
controle e o perfil do endividamento melhorou com a diminuição da dívida atrelada ao câmbio", concorda Paulo Vaz, diretor
do Unibanco Asset Management.
"Não há razão para que a nota
não seja alterada."
Embora seja uma sinalização
importante, o aumento da nota
do risco de crédito do Brasil poderá ainda não ser suficiente para
atrair um grande volume de investimentos para o país.
"O país precisaria chegar ao patamar de "grau de investimento"
para que grandes investidores,
como fundos de pensão estrangeiros, se tornem potenciais compradores de títulos brasileiros.
Ainda temos duas notas para
atingi-lo, mas uma melhora na
classificação é sempre uma boa
notícia", diz Paulo Caricatti, superintendente do Citigroup Asset
Management.
Para atingir o "grau de investimento", o país tem de ter ao menos a nota BBB, que indicaria, segundo as agências, "capacidade
adequada para honrar compromissos financeiros, porém mais
sujeita [que as categorias superiores] a condições econômicas adversas".
A Standard & Poor's classifica o
risco soberano brasileiro como
B+, "mais vulnerável às condições de negócios, financeiras e
econômicas, porém apresenta
atualmente capacidade para honrar compromissos financeiros".
A FitchRatings melhorou em
junho, pela segunda vez neste
ano, a avaliação do país ao alterar
a perspectiva dos títulos brasileiros de "estável" para "positiva". A
nota, porém, continua sendo B, a
mesma desde outubro de 2002.
Mesmo que a melhora na avaliação não venha, a Bolsa pode se
beneficiar com os boatos de aumento da recomendação para o
país, segundo Ziegelman.
"Com a boataria, cria-se uma
expectativa à qual os investidores
tentam se antecipar. Quando vier
a melhora na classificação do país,
ela já estará no preço."
Muitas vezes a mudança de avaliação das agências vem ratificar
uma melhora do risco-país -o
Embi+, medido pelo JP Morgan.
Na sexta-feira, o risco caiu 4%, para 810 pontos, mas chegou a subir
quase 5% na segunda-feira.
Dados dos EUA
O mercado acompanha com
atenção a reunião do Federal Reserve (o banco central dos EUA)
amanhã. A expectativa é a manutenção da taxa de juros em 1%.
Na quinta-feira sai o resultado
da balança comercial em junho e,
na sexta, os dados sobre a inflação
e a produção industrial em julho,
além do índice de confiança do
consumidor da Universidade de
Michigan. Exceto a inflação, que
deve permanecer estável, os outros indicadores podem apontar
uma discreta melhora, segundo
economistas.
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