São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2004

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TECNOLOGIA

Proposta de computador a R$ 1.000 será apresentada no fim do mês

Governo retoma projeto de PC popular

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O Palácio do Planalto ressuscitou a idéia do governo Fernando Henrique Cardoso de financiar a produção e a venda em massa de computadores populares.
Anteontem, fabricantes de computadores e dirigentes das companhias telefônicas reuniram-se com assessores de Lula para discutir o assunto. A proposta final deve ser apresentada ao presidente no final do mês.
A primeira versão do projeto prevê a produção de até 5 milhões de computadores populares, que seriam vendidos a R$ 1.000 por unidade. O público-alvo são microempresas e famílias das classes C e D que possam pagar um financiamento de R$ 50 mensais.
Em 2001, o então ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, anunciou a intenção de financiar a produção de um computador popular que estava sendo desenvolvido pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e que seria vendido pelo equivalente a US$ 250 (R$ 600 em valores da época). O projeto não foi adiante.
A idéia do computador popular ressurgiu em abril deste ano, a partir de uma apresentação feita no Palácio do Planalto pelo vice-presidente da Brasil Telecom, Yon Moreira Silva Júnior. O executivo descreveu o programa de inclusão digital da Coréia do Sul, cujo sucesso é atribuído ao empenho pessoal do presidente daquele país. Lula ficou atraído pela idéia, que começou a ganhar corpo dentro do governo.
A Brasil Telecom (uma das maiores concessionárias de telefonia fixa, com 10 milhões de assinantes) preparou documento preliminar, chamado "Plano de Aceleração da Inclusão Digital", que serviu de base para as discussões. Pelo documento, a configuração dos computadores ficaria a cargo do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), com possibilidade de usar software livre -sem necessidade do pagamento de direitos de patente.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) financiaria a produção. O computador e seus dispositivos (monitor, mouse e teclado) seriam vendidos em prestações mensais de R$ 50 a R$ 60.
As empresas de telefonia e as operadoras de TV a cabo participariam do projeto fornecendo a infra-estrutura para acesso à internet. A proposta apresentada ao governo é de R$ 6 por mês por 20 horas de conexão à internet por linha discada (linha telefônica) ou R$ 30 por 20 horas de conexão por banda larga (maior velocidade na transmissão de dados).
O assessor especial da Presidência da República Cezar Alvarez, designado por Lula para coordenar o projeto, diz que está sendo cogitado o financiamento ao consumidor pelo BB e pela CEF. O governo admite também diminuir parte dos tributos dos computadores. "A diminuição da carga tributária viria dentro do contexto da política industrial para o setor, e não apenas para estimular a venda de equipamentos populares", disse.
Segundo um documento do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (Casa Civil), obtido pela Folha, o projeto do computador popular deve ser criado por MP, a ser editada até o final de setembro.


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