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TECNOLOGIA
Proposta de computador a R$ 1.000 será apresentada no fim do mês
Governo retoma projeto de PC popular
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O Palácio do Planalto ressuscitou a idéia do governo Fernando
Henrique Cardoso de financiar a
produção e a venda em massa de
computadores populares.
Anteontem, fabricantes de
computadores e dirigentes das
companhias telefônicas reuniram-se com assessores de Lula
para discutir o assunto. A proposta final deve ser apresentada ao
presidente no final do mês.
A primeira versão do projeto
prevê a produção de até 5 milhões
de computadores populares, que
seriam vendidos a R$ 1.000 por
unidade. O público-alvo são microempresas e famílias das classes
C e D que possam pagar um financiamento de R$ 50 mensais.
Em 2001, o então ministro das
Comunicações, Pimenta da Veiga, anunciou a intenção de financiar a produção de um computador popular que estava sendo desenvolvido pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e
que seria vendido pelo equivalente a US$ 250 (R$ 600 em valores da
época). O projeto não foi adiante.
A idéia do computador popular
ressurgiu em abril deste ano, a
partir de uma apresentação feita
no Palácio do Planalto pelo vice-presidente da Brasil Telecom,
Yon Moreira Silva Júnior. O executivo descreveu o programa de
inclusão digital da Coréia do Sul,
cujo sucesso é atribuído ao empenho pessoal do presidente daquele país. Lula ficou atraído pela
idéia, que começou a ganhar corpo dentro do governo.
A Brasil Telecom (uma das
maiores concessionárias de telefonia fixa, com 10 milhões de assinantes) preparou documento
preliminar, chamado "Plano de
Aceleração da Inclusão Digital",
que serviu de base para as discussões. Pelo documento, a configuração dos computadores ficaria a
cargo do Serpro (Serviço Federal
de Processamento de Dados),
com possibilidade de usar software livre -sem necessidade do pagamento de direitos de patente.
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) financiaria a produção. O
computador e seus dispositivos
(monitor, mouse e teclado) seriam vendidos em prestações
mensais de R$ 50 a R$ 60.
As empresas de telefonia e as
operadoras de TV a cabo participariam do projeto fornecendo a
infra-estrutura para acesso à internet. A proposta apresentada ao
governo é de R$ 6 por mês por 20
horas de conexão à internet por linha discada (linha telefônica) ou
R$ 30 por 20 horas de conexão
por banda larga (maior velocidade na transmissão de dados).
O assessor especial da Presidência da República Cezar Alvarez,
designado por Lula para coordenar o projeto, diz que está sendo
cogitado o financiamento ao consumidor pelo BB e pela CEF. O
governo admite também diminuir parte dos tributos dos computadores. "A diminuição da carga tributária viria dentro do contexto da política industrial para o
setor, e não apenas para estimular
a venda de equipamentos populares", disse.
Segundo um documento do
Instituto Nacional de Tecnologia
da Informação (Casa Civil), obtido pela Folha, o projeto do computador popular deve ser criado
por MP, a ser editada até o final de
setembro.
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