São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2005

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BARRIL DE PÓLVORA

Para secretária, Petrobras deverá reajustar preços porque valor do mercado externo não voltará aos níveis de 2004

Combustíveis devem subir, diz ministério

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério de Minas e Energia avalia que a Petrobras deverá reajustar o preço da gasolina e do óleo diesel porque não há mais possibilidade de o valor do petróleo no mercado externo cair a ponto de ficar próximo dos níveis em que estava no último reajuste, em novembro de 2004. A situação preocupa o governo.
"Há uma preocupação de aumento [do preço do barril de petróleo] sem volta. Tem sido uma ascensão permanente. Não há previsão de volta", afirmou Maria das Graças Foster, secretária de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do ministério.
Em novembro de 2004, quando houve aumentos de 7% para a gasolina e 10% para o diesel nas refinarias da Petrobras, o barril do tipo Brent estava cotado em aproximadamente US$ 42. Esse valor já está acima de US$ 60 desde o início do mês. Ontem, encostou nos US$ 64 (leia texto ao lado).
O mercado estima entre 20% e 30% o tamanho da defasagem de preços cobrados pela estatal para o diesel e a gasolina. O momento no qual a Petrobras fará o reajuste dependerá da estabilização do preço do barril de petróleo no mercado internacional.
"O crescimento [do preço do petróleo] nos últimos 15 dias tem sido uma rampa que aponta para o céu. Então não há, definitivamente, um novo patamar."
Ou seja, para que a Petrobras faça o reajuste do diesel e da gasolina, o preço do petróleo precisa parar de subir, para que possa ser calibrado o tamanho do aumento.
"Do meu ponto de vista, e da análise que tenho feito das percepções dos analistas, é pouco provável que, no curto prazo, o petróleo volte para a casa dos US$ 40 [por barril]", disse Foster.
"Se você não volta aos US$ 40, você tem de projetar a rentabilidade da companhia para a frente. No momento certo, ela [Petrobras] deverá fazer o reajuste", afirmou, ressaltando que essa é uma decisão da empresa.
Foster lembrou ainda que a decisão de reajuste não é focada exclusivamente na gasolina e no diesel. A Petrobras segue políticas de preços diferentes para diferentes grupos de produtos.
Óleo combustível, querosene de aviação, combustível de navio e lubrificantes são reajustados com mais freqüência e refletem melhor a paridade com os preços do mercado externo. Para gasolina e diesel, a estatal espera a definição de patamares. Já o gás de cozinha não é reajustado desde 2002.

Refinarias
A secretária informou que o governo continua estudando uma saída para as refinarias privadas (Manguinhos e Ipiranga). O objetivo do governo é impedir que elas fechem e haja demissões.
Para a secretária, no entanto, a situação de dificuldade das refinarias não é causada pelo fato de a Petrobras não reajustar o preço dos combustíveis e, dessa forma, impedir a competição. Na avaliação de Foster, essas refinarias não investiram o suficiente e optaram por refinar petróleo importado e, por isso, passam por dificuldades.
Durante audiência na Câmara dos Deputados, ela afirmou que a falta de gás natural levou nove das 22 usinas termelétricas do PPT (Programa Prioritário de Termeletricidade) a serem convertidas para gerar energia também com óleo combustível.
No total, essas usinas podem gerar cerca de 2.200 MW. Em janeiro de 2004, o governo precisou acionar o "seguro-apagão" no Nordeste porque as termelétricas não conseguiram gerar energia por falta de gás natural.


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