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BARRIL DE PÓLVORA
Para secretária, Petrobras deverá reajustar preços porque valor do mercado externo não voltará aos níveis de 2004
Combustíveis devem subir, diz ministério
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério de Minas e Energia
avalia que a Petrobras deverá reajustar o preço da gasolina e do
óleo diesel porque não há mais
possibilidade de o valor do petróleo no mercado externo cair a
ponto de ficar próximo dos níveis
em que estava no último reajuste,
em novembro de 2004. A situação
preocupa o governo.
"Há uma preocupação de aumento [do preço do barril de petróleo] sem volta. Tem sido uma
ascensão permanente. Não há
previsão de volta", afirmou Maria
das Graças Foster, secretária de
Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do ministério.
Em novembro de 2004, quando
houve aumentos de 7% para a gasolina e 10% para o diesel nas refinarias da Petrobras, o barril do tipo Brent estava cotado em aproximadamente US$ 42. Esse valor
já está acima de US$ 60 desde o
início do mês. Ontem, encostou
nos US$ 64 (leia texto ao lado).
O mercado estima entre 20% e
30% o tamanho da defasagem de
preços cobrados pela estatal para
o diesel e a gasolina. O momento
no qual a Petrobras fará o reajuste
dependerá da estabilização do
preço do barril de petróleo no
mercado internacional.
"O crescimento [do preço do
petróleo] nos últimos 15 dias tem
sido uma rampa que aponta para
o céu. Então não há, definitivamente, um novo patamar."
Ou seja, para que a Petrobras faça o reajuste do diesel e da gasolina, o preço do petróleo precisa
parar de subir, para que possa ser
calibrado o tamanho do aumento.
"Do meu ponto de vista, e da
análise que tenho feito das percepções dos analistas, é pouco
provável que, no curto prazo, o
petróleo volte para a casa dos US$
40 [por barril]", disse Foster.
"Se você não volta aos US$ 40,
você tem de projetar a rentabilidade da companhia para a frente.
No momento certo, ela [Petrobras] deverá fazer o reajuste",
afirmou, ressaltando que essa é
uma decisão da empresa.
Foster lembrou ainda que a decisão de reajuste não é focada exclusivamente na gasolina e no diesel. A Petrobras segue políticas de
preços diferentes para diferentes
grupos de produtos.
Óleo combustível, querosene de
aviação, combustível de navio e
lubrificantes são reajustados com
mais freqüência e refletem melhor a paridade com os preços do
mercado externo. Para gasolina e
diesel, a estatal espera a definição
de patamares. Já o gás de cozinha
não é reajustado desde 2002.
Refinarias
A secretária informou que o governo continua estudando uma
saída para as refinarias privadas
(Manguinhos e Ipiranga). O objetivo do governo é impedir que
elas fechem e haja demissões.
Para a secretária, no entanto, a
situação de dificuldade das refinarias não é causada pelo fato de a
Petrobras não reajustar o preço
dos combustíveis e, dessa forma,
impedir a competição. Na avaliação de Foster, essas refinarias não
investiram o suficiente e optaram
por refinar petróleo importado e,
por isso, passam por dificuldades.
Durante audiência na Câmara
dos Deputados, ela afirmou que a
falta de gás natural levou nove das
22 usinas termelétricas do PPT
(Programa Prioritário de Termeletricidade) a serem convertidas
para gerar energia também com
óleo combustível.
No total, essas usinas podem gerar cerca de 2.200 MW. Em janeiro de 2004, o governo precisou
acionar o "seguro-apagão" no
Nordeste porque as termelétricas
não conseguiram gerar energia
por falta de gás natural.
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