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Governo adia o leilão de hidrelétrica no rio Madeira
Agora, previsão é que usina de Santo Antônio seja leiloada em 30 de outubro
Expectativa inicial era fazer o leilão no final de setembro ou início de outubro; outra usina será leiloada em 2008, mas data não está definida
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de reclamar da demora do processo de licenciamento ambiental, o próprio governo adiou o leilão da hidrelétrica
de Santo Antônio (3.150 MW,
megawatts), no rio Madeira
(RO). A expectativa inicial era
fazer o leilão no final de setembro ou início de outubro. Em
portaria divulgada ontem no
começo da noite, o Ministério
de Minas e Energia informou
que o leilão "deverá" acontecer
em 30 de outubro. Apesar do
atraso, o documento manteve a
promessa de que a energia gerada pela usina deverá começar
a ser entregue em 2012.
No final de janeiro, no anúncio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) as usinas do rio Madeira apareceram
entre os investimentos prioritários para evitar crise no abastecimento a partir de 2012. No
final de março, o Ibama negou
emissão de licença ambiental
prévia aos empreendimentos e
pediu mais esclarecimentos ao
consórcio Furnas-Odebrecht ,
responsável pelos estudos de
impacto ambiental.
A partir daí teve início uma
crise dentro do governo, opondo o Ministério de Minas e
Energia e a Casa Civil ao Ministério do Meio Ambiente. No
início de julho o Ibama emitiu
licença prévia, e o governo estimou que faria o leilão da usina
de Santo Antônio até o início de
outubro.
Com base na portaria, a
Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) fará uma minuta de edital, que ficará em
consulta pública até sexta-feira
da próxima semana.
De acordo com o que a Folha
apurou, o edital não fará menção ao principal problema da licitação: se poderá ou não haver
participação do consórcio Furnas/Odebrecht e como o governo fará para garantir a participação de outros investidores
privados.
Procurado ontem, o Ministério de Minas e Energia não explicou o motivo do atraso. Segundo a Folha apurou, o governo ainda busca uma alternativa
para garantir o maior nível de
competição no leilão. Ou seja,
trabalha em uma forma de
atrair outros grupos privados
-principalmente o liderado
pela construtora Camargo Corrêa- para participar.
Contrato antigo
A raiz do problema está em
um contrato assinado em março de 2005 entre Furnas e a
empreiteira Odebrecht, que garante a participação das duas
em consórcio no leilão. Outros
investidores privados, principalmente a Camargo Corrêa,
contestam essa participação,
alegando que essa associação
cria condições que restringem
a competição.
O próprio governo queria impedir as estatais de participarem, para incentivar a competição. A idéia era deixar no leilão
apenas investidores privados,
prometendo ao vencedor da
disputa uma associação com a
Eletrobrás, até o limite de 49%
do capital, mais um financiamento do BNDES.
A Odebrecht, no entanto, divulgou nota na qual classificava
de "quebra de contrato" a possibilidade de Eletrobrás tornar-se parceira de qualquer outro vencedor do leilão. A partir
daí, o governo vem tentando arbitrar o interesse dos diversos
envolvidos. Uma das idéias é
permitir a participação do consórcio Furnas/Odebrecht e dar
aos demais participantes a opção de se associar a uma outra
subsidiária da Eletrobrás, mais
provavelmente a Eletronorte.
O Ministério de Minas e
Energia informou que o atraso
não tem conseqüências sobre a
segurança do abastecimento de
energia. O leilão da outra usina
a ser construída no rio Madeira, a de Jirau (3.300 MW), deve
ser realizado em 2008, segundo
as previsões do governo, mas
ainda sem data definida.
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