São Paulo, sábado, 11 de setembro de 2004

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VACA DOENTE

Doença foi diagnosticada em cidade próxima a Manaus; fazenda não tinha registro de vacinação desde 2003

Amazonas tem novo foco de febre aftosa

LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O Ministério da Agricultura informou ontem que foi encontrado um foco de febre aftosa no município de Careiro da Várzea, próximo a Manaus (AM). A doença foi diagnosticada em quatro bovinos com idades entre 12 e 24 meses. É o segundo foco da doença confirmado no país neste ano.
Segundo nota do ministério, a suspeita foi comunicada no dia 25 de agosto ao Serviço Estadual de Sanidade Animal do Amazonas e confirmada após exame do Laboratório de Apoio Animal, do ministério. A fazenda não tinha registro de vacinação contra a febre aftosa deste ano e de 2003.
A pequena propriedade, com apenas 34 cabeças de gado, foi interditada. O acesso a fazenda só é permitido pelo rio Amazonas. Mesmo assim, todo o município foi isolado. Em Careiro da Várzea, que tem cerca de 50 mil km2, há 40 mil cabeças de gado.
Os 1.120 animais de cinco fazendas que fazem limite com a propriedade em que foi registrado o foco estão interditadas. Foram coletadas amostras de sangue dos animais para a análise em laboratório. Estão sendo colocados postos de fiscalização na região para impedir o trânsito de animais. Além disso, foi iniciada a investigação de origem da doença. Os especialistas da Delegacia Federal do Ministério da Agricultura no Amazonas trabalharão em conjunto com os técnicos estaduais.
O ministério informou que já notificou os organismos internacionais, os países vizinho e os blocos econômicos com os quais mantém intercâmbio comercial.
O governo argentino vai analisar o informe enviado pelas autoridades brasileiras. De acordo com o Serviço Nacional de Qualidade Agroalimentar (Senasa) somente depois da análise será possível definir se haverá alguma medida de prevenção.
Em geral, os países proíbem a importação de carne de locais com aftosa para protegerem seus rebanhos. A doença atinge a boca e a gengiva e provoca feridas nas patas e nas mamas dos animais. Doentes, eles têm dificuldade para pastar e perdem peso ou produzem menos leite. A doença ataca bois, porcos, cabras e ovelhas.
Ainda segundo a nota, o rebanho infectado está a 500 km da zona livre de febre aftosa de reconhecimento internacional. O país é membro da OIE (Organização Internacional de Epizooties), que permite as regiões livres da doença a exportar seus produtos.
A fazenda está em um local de difícil acesso, o que diminui a possibilidade de difusão da doença. Não há estradas de acesso para chegar à propriedade. A área pertence ao Circuito Pecuário Norte, que é classificada de alto risco para o surgimento da aftosa. O sistema de defesa sanitária animal está em implantação, e a produção é apenas para o consumo local.
Ontem, o delegado do Ministério da Agricultura no Amazonas, Rogério Vasconcelos, disse que a falta de vacinas é um dos motivos para o surgimento do foco em Careiro da Várzea. "É uma pequena propriedade, com produção mais para subsistência, onde o proprietário não vacinou seus animais."
Ele afirmou que as barreiras que interditaram o município estão sendo apoiadas por lanchas da Capitania dos Portos e que todo o rebanho do município já começou a ser vacinado.
Vasconcelos explicou ainda que 70% da carne consumida em Manaus é importada de outros Estados, não havendo possibilidade de contaminação em humanos ou disseminação da doença.


Colaborou Cláudia Dianni, de Buenos Aires

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