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INFLAÇÃO
Índice já atinge 5,14% no ano e deve ficar perto de limite superior da banda
Alta do IPCA compromete centro da meta do BC
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) registrou
inflação de 0,69% em agosto e
acumula uma taxa de 5,14% no
ano, disse o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com esse resultado, a inflação
de 2004 já está quase no centro da
meta do Banco Central (5,5%). A
previsão de analistas consultados
pela Folha é que o IPCA fique
próximo ao limite superior de tolerância da meta, de 8% -deve
fechar o ano entre 7% e 7,5%.
Pressionado principalmente
por álcool, gasolina e alimentos, o
IPCA foi o maior para um mês de
agosto desde 2001, quando ficou
em 0,70%. Ficou ainda um pouco
acima do esperado pelo mercado
(0,62%, segundo levantamento
do BC). Em julho, o índice ficara
em 0,91%, sob forte impacto de altas de energia e telefonia.
Para Eulina Nunes dos Santos,
gerente de índices de preço do IBGE, a taxa de agosto, comparada
com a de outros anos, é "relativamente alta". Para ela, muitos itens
subiram em razão de pressão de
custos de insumos e matérias-primas. Nunes evita, porém, falar em
reajustes provocados pelo maior
consumo: "Isso pode estar mascarado pela pressão de custos,
mas o que mais se evidencia são
aumentos de custo". O que Nunes
quis dizer é que setores cujos insumos estão em alta poderiam,
em tese, aproveitar o aquecimento econômico para repassar aos
preços finais um aumento maior,
recompondo margens de lucro.
Para o economista Alexandre
Sant'Anna, da ARX Capital, existem "claros sinais" de reajustes
por causa da demanda mais forte,
como eletrodomésticos, veículos
e serviços que não têm preços
controlados. "Com a demanda
aquecida, os repasses tendem a
ser maiores. O produtor tem espaço para aumentar margens e
repassar mais altas de custos."
Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da
FGV (Fundação Getúlio Vargas),
afirmou que o consumo está, sim,
estimulando reajustes, mas que
ainda não é hora de o BC subir a
taxa de juro por esse motivo.
"Não há uma alta generalizada. O
BC deve observar que a economia
está aquecida e que, por isso, existem riscos. Mas ainda não está no
momento de pisar no freio. Dá
para esperar um pouco."
Já a primeira prévia de setembro do IGP-M (Índice Geral de
Preços - Mercado) revelou que a
inflação está em aceleração. Subiu
de 0,19% em agosto para 0,35%
em setembro, disse a FGV.
O aumento ficou concentrado
no atacado, que corresponde a
60% do IGP-M e não é pesquisado pelo IPCA. A boa notícia é que
o preços de legumes e frutas, que
pressionavam os IGPs em razão
da seca no Sudeste, caíram
-3,79%. Para Salomão Quadros,
da FGV, os dados não revelam
"um repique inflacionário" e já
apontam até alguns produtos
com desacelerações de preço.
Alguns itens que vinham subindo, diz ele, já começaram a ceder.
Citou o caso dos legumes e do
próprio aço, que há alguns meses
é o "vilão" da inflação no atacado.
Salomão destaca, porém, que
muitos produtos ainda estão subindo em decorrência da melhora
do nível de atividade econômica.
A pressão inflacionária fez a
consultoria Global Station projetar um aumento de 0,5 ponto percentual na Selic -hoje em 16% ao
ano- para conter a inflação. Já
Alex Agostini, da Global Invest,
crê na manutenção do juro na
reunião do Copom da semana
que vem, pois os aumentos são
"pontuais" e os repasses ainda
não se espalharam.
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