São Paulo, sábado, 11 de setembro de 2004

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COMÉRCIO

Comissário Pascal Lamy pediu reunião, e ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) diz aguardar novidades

Brasil espera destravar acordo com a UE

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, espera que o comissário de Comércio europeu, Pascal Lamy, desembarque amanhã, em Brasília, com novidades que permitam destravar as negociações para criar uma área de livre comércio entre o Mercosul e a União Européia.
"Estou curioso para saber se Lamy vai trazer algo de novo", disse Amorim, durante entrevista para correspondentes estrangeiros no Itamaraty. A última reunião técnica entre os dois blocos econômicos, na primeira quinzena de agosto, fracassou.
Para que as conversas continuem bem, Amorim cobra de Lamy a apresentação completa da proposta da UE para o Mercosul. O Mercosul, diz o ministro, está disposto a fazer novas concessões em temas considerados prioritários para os europeus, como serviços, compras governamentais e investimentos, mas quer ver o que de fato a Europa tem a oferecer.
Com o fracasso da última reunião, ficou difícil cumprir o prazo de outubro para fechar o acordo. O próprio Amorim já fala que, se não for possível avançar, as negociações continuarão no próximo ano. Lamy não estará mais na comissão, que trocará seus representantes no final de outubro.
O ministro, no entanto, avalia que ainda há uma chance de conseguir um acordo em outubro e, por isso, aceitou se reunir com o seu colega europeu. A idéia do encontro partiu do próprio Lamy. "Não podemos negociar com excesso de pressa, mas não podemos deixar passar uma oportunidade", disse Amorim. "Vamos ver o que se pode fazer."
As conversas entre o comissário e Amorim -estarão presentes também os ministros Roberto Rodrigues (Agricultura) e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento)- não serão sobre os detalhes técnicos do acordo. Será uma tentativa de dar impulso político às negociações. Não é a primeira vez que uma reunião de alto nível é convocada para tentar superar impasses na área técnica.

Índia
Se as negociações com a UE estão numa fase difícil, as conversas entre o Mercosul e a Índia caminham bem. Ontem, as duas regiões praticamente fecharam o seu primeiro acordo de preferências tarifárias, que envolve redução de imposto de importação para 900 produtos (450 de cada lado), 30% do comércio bilateral.
O comércio entre as duas nações está em cerca de US$ 1 bilhão. A Índia é um dos parceiros importantes do país no G20, grupo que pressiona pela liberação do comércio agrícola na OMC (Organização Mundial do Comércio), e é citada como estratégica para as relações internacionais brasileiras.
A expectativa entre os negociadores é que o acordo seja assinado em outubro. O objetivo é usar esse primeiro entendimento para chegar a uma área de livre comércio. (ANDRÉ SOLIANI)


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