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Doha só deve ser retomada em março
Data foi definida como a mais provável pelo diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, após dois dias de debates no Rio de Janeiro
G20, EUA e União Européia
"destravam" negociações,
paralisadas desde julho, em
razão de polêmica sobre
subsídios agrícolas
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Após dois dias de reuniões no
Rio, representantes comerciais
dos países desenvolvidos e em
desenvolvimento avaliaram
que só a partir de março de
2007 devem ser retomadas as
negociações, paralisadas desde
julho, da Rodada Doha -tentativa de acordo para liberalização do comércio mundial.
A data foi classificada como a
mais realista para a retomada
das negociações pelo diretor-geral da OMC (Organização
Mundial do Comércio), Pascal
Lamy. Para o anfitrião, o ministro Celso Amorim (Relações
Exteriores), o encontro "destravou" a negociação.
Representantes do G-20
(que reúne 23 países em desenvolvimento), da União Européia, dos EUA, do Japão e de
outros países estiveram reunidos no fim de semana no Rio
para tentar "consertar" o que o
diretor-geral da OMC chamou
de "sério acidente" ocorrido em
julho. O G20 é o grupo de países
exportadores de produtos agrícolas, formado durante a Rodada Doha sob a liderança do Brasil e da Índia, que defende o fim
dos subsídios nos países ricos e
maior acesso a esses mercados.
Impasse
O impasse nas negociações
da Rodada Doha foi provocado
principalmente pela resistência americana em abrir mão
dos subsídios na agricultura.
Essa questão só será resolvida após as eleições para o Congresso dos EUA, em novembro,
na avaliação de quase todos os
líderes presentes nos debates.
Para o ministro Celso Amorim, o mais importante é que o
encontro serviu para "tirar o
doente (a Rodada Doha) da
UTI", embora ele "ainda esteja
na enfermaria". Segundo ele,
"muita gente já tinha dado certificado de óbito".
A metáfora de Amorim não
foi original. Em entrevista, Susan Schwab, representante de
comércio dos EUA, falou em
"ressuscitar" as negociações; o
representante da União Européia, Peter Mandelson, em discurso, lembrou a necessidade
de dar um sinal político de que
a rodada "não está moribunda".
Apesar da versão oficial do G-20 e das seguidas negativas de
Schwab de que a eleição nos
EUA tenha influência na negociação, coube ao representante
da União Européia, Peter Mandelson, exprimir o que a maioria dos representantes reconhece: "Parece óbvio que agricultores tenham votos e façam
seus cheques para partidos políticos. Em período de eleição
as pessoas ficam mais avessas a
fazer concessões", disse ele.
Susan Schwab afirmou que o
governo dos EUA está empenhado no sucesso da rodada.
Não disse o que cederia, mas
afirmou que todas negociações
do gênero são "duras" e devem
sê-lo. Para Celso Amorim, a posição americana foi "muito positiva", embora não tenha havido resultados objetivos. "Vocês
vão a um jogo de futebol esperando resultado de críquete."
Embora tenha sido um dos
que mais cedera, em julho, concordando em baixar a oferta de
reduzir tarifas agrícolas de 39%
para algo mais próximo do pedido pelo G-20 e admitir poder
diminuir os subsídios domésticos, a União Européia disse que
essa seria a última oferta e incitou os EUA e os membros do G-20 a também cederem.
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