São Paulo, segunda-feira, 11 de setembro de 2006

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Governo de Cingapura barra ativistas liberados pelo FMI

Manifestantes pretendiam organizar protestos durante a reunião do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial que começa esta semana no país

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A CINGAPURA

O governo de Cingapura barrou a entrada no país de dezenas de ativistas que pretendiam realizar manifestações durante a reunião conjunta do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial, que começa esta semana.
Entre os barrados, há 20 manifestantes cujos nomes já tinham sido pré-aprovados pelo FMI e pelo Banco Mundial (Bird) para participarem do encontro. A principal alegação do governo para a medida é o temor de ataques terroristas.
O presidente do Bird, Paul Wolfowitz, condenou a decisão e afirmou que algumas das organizações impedidas de entrar no país já tinham até reuniões pré-agendadas com funcionários da instituição.
O Bird e o FMI chegaram a emitir um comunicado afirmando que Cingapura violou os termos do acordo que ofereceu ao país a oportunidade de sediar a reunião. Os encontros bianuais do FMI e do Bird normalmente ocorrem em Washington, mas uma vez a cada dois anos são transferidos para um outro país.
Assim como nas reuniões de Washington, o FMI e o Banco Mundial haviam concordado em permitir protestos de rua fora dos perímetros de segurança. Mas as autoridades locais também proibiram qualquer manifestação pública, confinando os encontros a locais reservados e previamente indicados. O único local aberto disponível aos manifestantes é uma área de um parque fechada com alambrados e arame farpado.
As autoridades policiais anunciaram que foram levantados vários nomes de pessoas e organizações que participaram de protestos contra a OMC (Organização Mundial do Comércio), em Hong Kong, em dezembro de 2005. Alguns estão entre os barrados outros serão alvo de vigilância nos próximos dias.
O governo local também anunciou que não permitirá, nas manifestações, o uso de qualquer instrumento que possa ser usado contra os policiais e se dispôs, inclusive, a fornecer placas de papelão e isopor e faixas de pano aos manifestantes.
Em Cingapura, toda manifestação pública precisa ter autorização expressa das autoridades policiais. No total, cerca de 10 mil homens das forças de segurança foram designados para controlar a cidade.

Menor país
Cingapura é uma ex-colônia britânica composta de 63 ilhas. Depois de ter passado brevemente para as mãos dos japoneses durante a Segunda Guerra e de participar da Federação da Malásia, tornou-se totalmente independente em 1965.
Com poucos recursos naturais, o conjunto de ilhas, que formam o menor país do sudoeste asiático, especializou-se na fabricação de produtos eletrônicos e tornou-se um importante entreposto comercial.
A renda per capita de Cingapura, de cerca de U$$ 33 mil/ano, é a maior da Ásia. Na semana passada, o país apareceu em primeiro lugar em ranking do Banco Mundial sobre a facilidade de ser fazer negócios. Cingapura é uma república parlamentarista dominada pelo PAP (People's Action Party, partido da ação do povo, em inglês) desde que o país se tornou independente.


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