São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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Bolsa de SP sobe 2,5% após fortes oscilações

Ações de Vale e Petrobras registram recuperação; Bolsa avança nos EUA

Dólar se mantém em alta e alcança R$ 1,788; apesar de melhora ontem, mercado acionário ainda está muito instável, afirma analista


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Ancorada na apreciação dos papéis de Petrobras e Vale, a Bovespa conseguiu sair do vermelho ontem, ao encerrar o pregão com valorização de 2,47%, aos 49.633 pontos. Essa foi a maior alta da Bolsa paulista em três semanas.
Mas a queda da Bolsa no mês ainda é elevada, ficando em 10,86%. No acumulado do ano, a baixa está em 22,3%.
Ontem os investidores se depararam com o anúncio do aumento mais forte que o esperado do PIB brasileiro, que subiu 6,1% no segundo trimestre.
Nos EUA, o mercado também evitou novas perdas, mas as altas foram menos intensas do que a registrada por aqui: a Bolsa eletrônica Nasdaq subiu 0,85%, e o índice Dow Jones teve elevação de 0,34%.
Quem não mudou o rumo ontem foi o dólar. A moeda americana terminou as operações com apreciação de 0,9% diante do real, a R$ 1,788, e passou a acumular alta em 2008 (0,62%). O fortalecimento do dólar não tem se restringido ao real. Diante do euro, a moeda dos EUA atingiu ontem seu nível mais alto em um ano.
Com os investidores ainda atentos às oscilações das commodities no exterior e à temperatura da crise financeira que assombra os Estados Unidos, a Bolsa paulista viveu um pregão de forte volatilidade. Pela manhã, ela chegou a recuar 1,71%. Já em seu melhor momento, marcou alta de 3,14%.
A Bovespa movimentou ontem R$ 6,25 bilhões, número cerca de 30% superior à média diária de agosto.
"Petrobras e Vale ajudaram a Bovespa a fechar com alta mais forte. Mas ainda é cedo para se animar. Novas quedas no mercado acionário podem ocorrer a qualquer momento, pois não houve a divulgação de nenhum dado que sinalize a proximidade do fim da crise de crédito nos EUA", afirmou José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
A perda de intensidade no recuo do petróleo abriu espaço para as ações da Petrobras se recuperarem um pouco. No pregão de ontem, a ação ON da estatal subiu 2,30%, e a PN, 1,16%. Juntas, as ações da estatal concentraram quase 30% das operações feitas no dia.
O barril de petróleo encerrou a US$ 102,58 em Nova York, com leve recuo de 0,66%.
Após o encerramento do pregão, a Petrobras fez anúncio de avaliação do potencial do campo de Iara, no pré-sal da Bacia de Santos que, estima, pode alcançar de 3 bilhões a 4 bilhões de barris de petróleo leve e gás.
No "after market" -operações realizadas após o fechamento normal do pregão-, as ações PN da Petrobras chegaram a subir 3,17%.
Os papéis da Vale tiveram um dia de recuperação ainda mais forte. Movidas pela perspectiva de que a empresa consiga um novo reajuste no mercado asiático, as ações da Vale subiram 5,72% (PNA) e 5,86% (ON). A recuperação das commodities metálicas também ajudou a atrair compradores.
Na Europa e na Ásia, não houve espaço para recuperações. A Bolsa de Londres perdeu 0,91%. Em Tóquio, o índice Nikkei recuou 0,44%. Um dos principais destaques de baixa foi a Bolsa da Rússia -país muito dependente do setor de petróleo-, que perdeu 3,75%.
Ontem o banco americano Lehman Brothers divulgou prejuízo trimestral de US$ 3,9 bilhões e anunciou medidas para tentar sair da crise que atravessa. O banco sofre com temores de que possa quebrar no curto prazo -suas ações despencaram quase 89% no ano.
Enquanto o cenário externo não der sinais mais fortes de que a crise está se debelando, analistas avaliam que o retorno de capital externo para a Bovespa, importante para sua recuperação, será difícil.


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