|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MERCADO TENSO
Francisco Lopes diz que não será preciso aumentar Tban porque a saída de reservas está diminuindo
'BC não sobe juro nem controlará câmbio'
da Sucursal de Brasília
O diretor de Política Monetária
do Banco Central, Francisco Lopes, disse ontem que o governo
não deve aumentar a taxa de juros.
Também afirmou que o governo
não pretende adotar nenhum tipo
de controle cambial para dificultar
a saída de recursos estrangeiros do
Brasil.
"Acredito convictamente que
não será necessário aumentar a
Tban (Taxa de Assistência do BC).
Mas o BC não pode nunca antecipar o futuro e fazer qualquer tipo
de compromisso sobre a política
monetária. Nosso compromisso é
com a defesa da estabilidade",
afirmou Lopes.
Ele disse ainda que "não adianta
exagerar na dosagem". "Se você
toma um remédio para uma infecção, você tem de tomar o antibiótico na dosagem certa. Não adianta tomar três pílulas antibióticas
porque, provavelmente, vai ter
um monte de efeitos colaterais
desnecessários."
Lopes afirmou que a elevação
dos juros básicos da economia
nesta semana teria reduzido a saída de recursos do país. "Antes da
medida, havia saídas fortes no flutuante mostrando certo pânico e
atitudes defensivas", disse, acrescentando que a evasão de divisas
teria caído.
Segundo ele, as reservas internacionais perderam em média R$
400 milhões por dia na terça e
quarta-feiras desta semana. Mesmo assim, as reservas estariam
hoje em US$ 55 bilhões. "A perda
de reservas está perdendo velocidade nesta semana", afirmou o diretor do BC.
Venda de títulos
Questionado se o governo faria
algum tipo de controle para evitar
a saída de dólares, Lopes afirmou:
"Achamos que os controles de
câmbio têm de ser feitos na entrada, e não na saída".
Ele disse que o BC vendeu ontem
R$ 200 milhões em títulos prefixados com juros de 31,5%.
"Nós já fizemos a política monetária necessária. Vamos mantê-la por quanto tempo for necessário", afirmou. Na sua avaliação,
o mercado financeiro interno está
mais pessimista que os mercados
externos. "O pessimismo dos investidores locais contamina os investidores externos", disse Lopes.
Segundo ele, a venda de títulos
realizada ontem pelo BC indica
que há espaço no mercado para
praticar os juros de 29,75% fixados pelo governo. Para ele, a taxa
de 31,5% inclui esses juros mais
um prêmio para os aplicadores
que acreditaram que não haverá
mudança na política econômica.
"Há 'players' (investidores) no
mercado que apostam contra, que
têm interesse em criar pânico.
Mas temos parceiros que ficam do
nosso lado e quem ficar contra vai
perder dinheiro", afirmou Lopes.
Segundo ele, o mercado funciona
sempre com investidores apostando contra e a favor do governo.
Para ele, o governo não pode cometer erros na administração do
Real. "É muito importante que o
país, num momento de turbulência como este, não cometa erros
graves de política econômica. Nós
vimos em países como a Tailândia
e a própria Rússia respostas inadequadas", disse ele.
A elevação dos juros e seu impacto sobre a dívida pública é o
custo que o país está pagando para
manter a estabilização da economia, afirmou. Lopes disse que a
taxa de juros média neste ano deverá ficar em 26,25%. Como a inflação média de 98 está estimada
em 2%, os juros reais ficarão em
23,77%.
Lopes disse que essa taxa está
muito acima daquela considerada
ideal e exposta pelo governo ao fixar em 19% anuais a TBC (Taxa
Básica do BC). Segundo ele, o governo deve continuar mantendo a
política monetária apertada. Ou
seja, com os juros bem acima da
inflação média do ano.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|