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FINANCIAMENTO
Só as empresas de primeiríssima linha conseguiram pegar dinheiro emprestado, mas pagando caro
Bancos suspendem a liberação de crédito
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
Bancos e financeiras praticamente suspenderam a concessão
de crédito para as empresas no dia
de ontem. As exceções foram as
empresas de ótimo "pedigree",
que conseguiram empréstimos,
mas pagando caro em prazos curtos.
Empresas de primeiríssima linha
podiam obter crédito para capital
de giro de 30 dias pegando 60% ao
ano de juros. Assim, com a restrição do crédito, a recessão, que era
apenas um espectro da crise, começou a se materializar.
A incerteza quanto ao tamanho
do juro e a certeza de que o desemprego e a inadimplência continuam elevados paralisaram o
mercado. Até porque passou a ser
um objetivo a ser perseguido ter
dinheiro disponível em caixa.
"Quem procurou os bancos para descontar cheques não foi nem
atendido", diz Girsz Aronson,
dono da rede G. Aronson, que
completa : "O ambiente hoje (ontem) foi de pânico geral".
Os bancos e financeiras puxaram
o breque em todas as linhas de crédito: descontos de duplicatas, capital de giro, curto prazo etc.
Até os empréstimos para comércio exterior (exportações e importações), um dos antigos refúgios
para as maiores empresas, foram
afetados.
Segundo avaliação de banqueiro, que preferiu que seu nome não
fosse mencionado, os bancos internacionais já reduziram a oferta
de linhas comerciais para o Brasil
em 50% desde o início da crise internacional.
Menor oferta é igual a juro maior
-a taxa pulou de 0,75% acima da
Libor (taxa interbancária de Londres) para até 3% mais a Libor.
Assim, como está no manual de
sobrevivência, as torneiras fecharam especialmente para as empresas menores (que oferecem mais
riscos) e para as que atuam em
mercados que serão afetados de
imediato pela recessão.
Segundo Aronson, o comércio já
está sentindo o impacto da crise
financeira internacional. Ontem,
algumas lojas chegaram a registrar
queda de até 50% nas vendas.
"Desde sexta-feira, o nosso faturamento caiu 15%", informa
Valdemir Colleone, diretor da Lojas Cem. A rede vendia cerca de R$
1,5 milhão por mês e agora fatura
cerca de R$ 1,3 milhão.
Segundo ele, o consumidor está
com muito receio de gastar e
quando o faz prefere comprar em
prazos curtos -até quatro pagamentos. Na G. Aronson, a queda
nos negócios chegou a 50%.
Colaborou
João Carlos de Oliveira, editor do
Painel S/A
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