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MERCADO FINANCEIRO
BC aceita pagar juros maiores, de 31,5%
da Reportagem Local
O governo aceitou ontem pagar
juros maiores nos papéis prefixados que levou a leilão. Foram vendidos BBCs a taxas de 31,5% ao
ano. O total foi de R$ 200 milhões
com vencimento dia 23 deste mês.
Na sexta-feira passada, o governo havia elevado os juros básicos
da economia para 29,75% e entrou
ontem no mercado de um dia, o
over, doando recursos nessa taxa.
Mas acabou aceitando pagar aos
bancos 31,50% no leilão das BBCs.
À noite, o governo elevou a Tban
de 29,75% para 49,75%.
Anteontem, o BC havia tentado
um leilão de BBCs, mas os bancos
pediram taxas de até 50% ao ano
(a maioria pediu 40%) e o BC se
recusou a vender os títulos.
O Banco Central também levou a
mercado ontem NBC-Es, títulos
de variação cambial, no total de
R$ 500 milhões. Também neste caso pagou taxas de 22,20% ao ano,
na média, e de 22,99% ao ano, na
máxima, aceitando um aumento
forte nas taxas de juros.
Somando-se a variação cambial
estimada, de mais de cerca de
7,5% ao ano, mais os juros pagos
pelas NBC-Es ontem, os juros pagos pelo BC ficaram acima de 30%.
O Banco Central tentou também
vender R$ 4 bilhões de LBCs, títulos que pagam juros pós-fixados,
do over. Os bancos pediram 0,3
ponto percentual a mais da taxa de
juros do dia e o BC acabou não
vendendo nenhum desses títulos.
Com a saída forte de dólares do
país, que voltou a ultrapassar US$
2 bilhões ontem, os recursos para
comprar títulos do governo estão
cada vez menos disponíveis.
Para investidores, sem ajuda externa e medidas não-ortodoxas, o
país vai passar por dificuldades.
Nos mercados futuros, o dólar
teve valorização no contrato com
vencimento em dezembro. A projeção de valorização do dólar contra o real passou de 1,18% ao mês
anteontem para 1,36%, ontem.
Também nos outros dois contratos mais negociados, o de vencimento em outubro e o de vencimento em novembro, o dólar se
fortaleceu. Os analistas acreditam
que o governo atuou para evitar
uma desvalorização maior do real.
Os juros do mercado futuro explodiram e os contratos de vencimento em dezembro voltaram a
projetar taxas maiores do que os
de vencimento em novembro.
Nos contratos de vencimento em
outubro, os juros passaram de
29,31% ao ano para 33,96%.
(CRISTIANE PERINI LUCCHESI)
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