São Paulo, sexta, 11 de setembro de 1998

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MERCADO FINANCEIRO

BC aceita pagar juros maiores, de 31,5%

da Reportagem Local

O governo aceitou ontem pagar juros maiores nos papéis prefixados que levou a leilão. Foram vendidos BBCs a taxas de 31,5% ao ano. O total foi de R$ 200 milhões com vencimento dia 23 deste mês.
Na sexta-feira passada, o governo havia elevado os juros básicos da economia para 29,75% e entrou ontem no mercado de um dia, o over, doando recursos nessa taxa. Mas acabou aceitando pagar aos bancos 31,50% no leilão das BBCs. À noite, o governo elevou a Tban de 29,75% para 49,75%.
Anteontem, o BC havia tentado um leilão de BBCs, mas os bancos pediram taxas de até 50% ao ano (a maioria pediu 40%) e o BC se recusou a vender os títulos.
O Banco Central também levou a mercado ontem NBC-Es, títulos de variação cambial, no total de R$ 500 milhões. Também neste caso pagou taxas de 22,20% ao ano, na média, e de 22,99% ao ano, na máxima, aceitando um aumento forte nas taxas de juros.
Somando-se a variação cambial estimada, de mais de cerca de 7,5% ao ano, mais os juros pagos pelas NBC-Es ontem, os juros pagos pelo BC ficaram acima de 30%.
O Banco Central tentou também vender R$ 4 bilhões de LBCs, títulos que pagam juros pós-fixados, do over. Os bancos pediram 0,3 ponto percentual a mais da taxa de juros do dia e o BC acabou não vendendo nenhum desses títulos.
Com a saída forte de dólares do país, que voltou a ultrapassar US$ 2 bilhões ontem, os recursos para comprar títulos do governo estão cada vez menos disponíveis.
Para investidores, sem ajuda externa e medidas não-ortodoxas, o país vai passar por dificuldades.
Nos mercados futuros, o dólar teve valorização no contrato com vencimento em dezembro. A projeção de valorização do dólar contra o real passou de 1,18% ao mês anteontem para 1,36%, ontem. Também nos outros dois contratos mais negociados, o de vencimento em outubro e o de vencimento em novembro, o dólar se fortaleceu. Os analistas acreditam que o governo atuou para evitar uma desvalorização maior do real.
Os juros do mercado futuro explodiram e os contratos de vencimento em dezembro voltaram a projetar taxas maiores do que os de vencimento em novembro.
Nos contratos de vencimento em outubro, os juros passaram de 29,31% ao ano para 33,96%.
(CRISTIANE PERINI LUCCHESI)


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