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CENÁRIOS
Analistas são cautelosos, mas dizem que a volta do otimismo vai além dos escritórios de investidores
Pesquisa vê consumidor mais otimista
MARCELO DIEGO
RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local
Nem parece o mesmo país. O
preço das ações está subindo, a
cotação do dólar caiu e os investidores estrangeiros voltaram a se
animar com o Brasil. Uma pesquisa da Federação do Comércio
indica que até o humor dos consumidores está melhorando.
"O ambiente está mais leve para
todos os mercados emergentes,
mas o Brasil saiu na "pole-position'", diz Luiz Fraga, presidente
da Latinvest, fundo de investidores estrangeiros que aplica US$ 1
bilhão na América Latina. "O país
deu sinais de que está disposto a
ajustar as contas públicas porque
o governo não cedeu às pressões
para liberar verbas."
Ao não ceder verbas para os ruralistas e ao demitir o então ministro Clóvis Carvalho, do Desenvolvimento, para fortalecer o ministro Pedro Malan (Fazenda), o
presidente deu mostras de que
pretende cumprir o esforço fiscal.
"Havia uma preocupação, principalmente externa, de que o governo fosse ceder às pressões",
afirma Carlos Kawall, economista-chefe do Citibank.
Outro fator positivo foi a divulgação do Orçamento para o ano
2000. O governo mostrou que
pretende ajustar as contas, mesmo sem as receitas extraordinárias deste ano. "A divulgação do
Orçamento pegou bem, mostrando transparência e realismo", diz
Octávio de Barros, economista-chefe do Banco Bilbao Vizcaya.
O cenário externo também melhorou porque as crises em países
como a Venezuela, o Equador e a
Colômbia não se espalharam.
O otimismo ainda é cercado por
muita cautela. Mas a volta da confiança está indo além dos escritórios dos investidores. "Estamos
concluindo uma pesquisa que revela que o índice de confiança do
consumidor está melhorando",
diz Fábio Pina, economista da Federação do Comércio de São
Paulo.
"Quando o consumidor fica
com menos medo de perder o
emprego, ele consome mais e
anima a economia do país."
O resultado da pesquisa deverá
indicar que o consumidor está
mais confiante do que em agosto,
mas sem entusiasmo. Afinal, a taxa de desemprego ainda está alta
e as empresas estão trabalhando
num ritmo lento.
Na avaliação do economista-chefe do BankBoston, José Antonio Pena, a tendência é que a economia deve começar a reagir com
maior intensidade a partir de
agora. Isso fica claro, diz Pena,
quando se olha a aposta das empresas e dos bancos em relação ao
comportamento dos juros.
No final de agosto, os índices
dos juros futuros indicavam que
as taxas de juros daqui a um ano
estariam em 28% anuais. A projeção, agora, está na casa de 24,5%
ao ano e continua caindo.
"As empresas e os bancos estão
percebendo uma diminuição do
risco de uma nova alta dos juros
nos próximos meses. Por isso,
aumenta a confiança na economia e devem crescer os investimentos produtivos", diz Pena.
A Bolsa de Valores, um dos
mais importantes termômetros
da economia, já reflete a virada
no humor. Os volumes de negociação diários estão subindo.
"A percepção do risco do país
melhorou. Ainda é cedo para dizer se teremos uma alta de preços
das ações por um tempo prolongado, mas podemos estar entrando num círculo virtuoso", diz
Eduardo de la Peña, diretor de
renda variável do Banco Bozano,
Simonsen.
De acordo com De la Peña, o
círculo virtuoso se baseia na volta
do otimismo, que permite a queda dos juros, aquecendo os negócios, o que, por sua vez, alimenta
a confiança na economia.
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