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Subsistência move pobres, diz Bielsa
DE BUENOS AIRES
DA ENVIADA A BUENOS AIRES
"Opulência versus subsistência." Foi assim que o chanceler argentino, Rafael Bielsa, definiu o
embate entre os países pobres e os
EUA nas negociações sobre comércio mundial. Ele foi o porta-voz da reunião do agora G-X, ontem, em Buenos Aires.
"Nossos países discutem a subsistência. Não podemos usar a linguagem bélica para as negociações de comércio", disse Bielsa
em resposta à pergunta de um
jornalista sobre as declarações de
Robert Zoellick, uma espécie de
ministro do Comércio Exterior
dos EUA, nas quais ele ataca a formação do grupo que enfrenta o
seu país e a União Européia nas
discussões na OMC (Organização
Mundial do Comércio).
"A reunião de hoje [ontem] não
é uma exortação incendiária de
uns contra outros", disse Bielsa.
Ele, como o ministro Celso Amorim, admitiu que o grupo pode
chegar à reunião da OMC, em dezembro, em Genebra, com menos
integrantes. "Pode ser que cheguemos com 17, 12 ou apenas
quatro países. Isso é próprio da
lógica de como se agrupam as nações na hora de discutir interesses. Só em Genebra vamos saber
se esse grupo se mantém ou não."
A declaração final do encontro
de ontem, apresentada pelo vice-chanceler argentino, Martín Redrado, faz um "chamado a todos
os membros [da OMC] para retomar as tarefas em Genebra com
espírito construtivo e a partir da
evolução positiva em Cancún".
Discurso otimista
Apesar do fracasso da reunião
da organização no México, realizada no mês passado, os participantes de ontem insistiram em
afirmar que houve avanços e em
minimizar a falta de um acordo.
Segundo a ministra de Relações
Exteriores do Chile, Soledad Alvear, o encontro de Cancún foi
um "tropeço". Ela endossou o
tom positivo de ontem a favor do
multilateralismo e da OMC.
"Existe vida pós-Cancún", fez
eco Bielsa, dizendo que espera
uma postura "profissional e sólida" de todos os grupos na reunião
de Genebra.
"Todos os países têm o direito
de negociar o que é melhor para o
seu interesse, coletiva ou bilateralmente", disse ele ao comentar a
ausência e a crescente defecção de
países que inicialmente tinham
aderido ao grupo.
Entretanto ele voltou a cutucar
os EUA, principal país responsável pela deserção de países como
Guatemala, Colômbia, Costa Rica
e Peru. "Creio que tomar as negociações de forma agressiva ou
provocativa é a pior maneira de se
chegar a acordos. Temos que falar
de interesses que possamos medir". Estavam confirmados oficialmente para a reunião de ontem Bolívia, Cuba, Chile, China,
Egito, Índia, México, Paraguai,
Peru, África do Sul, Venezuela,
Argentina, Brasil, Uruguai, Guatemala e Peru. Os três últimos, porém, foram excluídos da declaração conjunta das nações que enviaram representantes.
"Quem não veio vai perder. Temos que reivindicar mercados
que para os nossos países são importantes, e as negociações multilaterais são a melhor maneira para se fazer isso", disse.
"É difícil pensar que porque alguns países defendem seus interesses vão sofrer retaliações. Os
subsídios são o que prejudicam o
comércio mundial. Hoje, mais de
US$ 350 bilhões são usados em
subsídios, enquanto os programas de combate à fome gastam
US$ 56 bilhões", afirmou Bielsa.
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