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FINANCIAMENTO
Presidente do banco estatal afirma que está preocupado com excesso de recursos para financiar a Embraer
BNDES põe muito dólar em avião, diz Lessa
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Carlos Lessa, voltou a se queixar do que considera excesso de recursos usados
pelo banco para financiar a venda
de aviões da Embraer. Em palestra para empresários noruegueses, ele disse que o BNDES tem
US$ 5 bilhões em financiamentos
a aviões.
"Isso me preocupa. É muito dólar colocado em avião", disse.
Segundo Lessa, não há como
mudar essa concentração a curto
prazo porque os financiamentos
para aviões são de 14 anos.
Ele disse que as iniciativas do
BNDES para mudar a situação no
longo prazo estão concentradas
em três pontos: estimular a Embraer a buscar novas fontes de financiamento, estimular o aumento do índice de nacionalização dos aviões fabricados no Brasil e buscar garantias mais sólidas
para os empréstimos. Segundo a
Embraer, o índice de nacionalização está em 50%.
Desde o início da atual gestão
do BNDES, em janeiro, que o banco vem discutindo publicamente
com a Embraer por causa dos financiamentos para exportações
de aviões. O argumento da direção do banco é que a concentração de recursos para financiar as
exportações da empresa aeronáutica impede a ampliação dos financiamentos a outros setores.
A troca de farpas entre o banco e
a Embraer chegou ao auge em
agosto, quando a empresa reclamou publicamente de que o
BNDES estaria atrasando a liberação de recursos para financiar as
exportações da empresa.
Em agosto, após longa reunião
no Rio, o BNDES e a Embraer divulgaram comunicado conjunto
no qual anunciavam que o banco
deveria aprovar ainda neste ano
novos financiamentos para a empresa, no valor de US$ 1 bilhão. A
primeira parcela, de US$ 770 milhões, foi aprovada nesta semana
pela diretoria do banco.
Capital
Lessa disse que espera ter resolvido até novembro o problema do
aumento de capital do banco, mas
não quis dizer o número que está
sendo buscado.
O patrimônio atual é de R$ 11,36
bilhões. O banco está em dificuldades para aumentar seus empréstimos (a intenção é emprestar
R$ 47 bilhões em 2004, contra R$
34 bilhões previstos para este ano)
e, ao mesmo tempo, manter-se
dentro dos níveis de exposição a
riscos previstos nas regras nacionais e internacionais.
O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, havia
dito na semana passada que o valor do aumento de capital ficaria
entre R$ 5 bilhões e R$ 15 bilhões.
Segundo a Folha revelou ontem, o BNDES quer R$ 25 bilhões.
Lessa disse que há formas de capitalizar o banco sem causar impacto nas contas do governo.
Ele afirmou ainda que o BNDES
"não está com grandes problemas" na área dos agentes financeiros (bancos) que repassam recursos dele para os clientes.
Segundo o jornal "O Globo", o
diretor financeiro do banco estatal, Roberto Timótheo da Costa,
ameaçou descredenciar bancos
que cobrem "spreads" (sobretaxas) excessivos para repassar dinheiro do BNDES.
Lessa, que não havia lido as declarações de Costa, disse que as
principais preocupações do banco em relação aos agentes são assegurar que sejam respeitadas as
regras para repasses a pequenas e
médias empresas e evitar que os
bancos exijam reciprocidade
(compra de produtos extras) para
aprovar empréstimos com dinheiro do BNDES.
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