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São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2003

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FINANCIAMENTO

Presidente do banco estatal afirma que está preocupado com excesso de recursos para financiar a Embraer

BNDES põe muito dólar em avião, diz Lessa

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, voltou a se queixar do que considera excesso de recursos usados pelo banco para financiar a venda de aviões da Embraer. Em palestra para empresários noruegueses, ele disse que o BNDES tem US$ 5 bilhões em financiamentos a aviões.
"Isso me preocupa. É muito dólar colocado em avião", disse.
Segundo Lessa, não há como mudar essa concentração a curto prazo porque os financiamentos para aviões são de 14 anos.
Ele disse que as iniciativas do BNDES para mudar a situação no longo prazo estão concentradas em três pontos: estimular a Embraer a buscar novas fontes de financiamento, estimular o aumento do índice de nacionalização dos aviões fabricados no Brasil e buscar garantias mais sólidas para os empréstimos. Segundo a Embraer, o índice de nacionalização está em 50%.
Desde o início da atual gestão do BNDES, em janeiro, que o banco vem discutindo publicamente com a Embraer por causa dos financiamentos para exportações de aviões. O argumento da direção do banco é que a concentração de recursos para financiar as exportações da empresa aeronáutica impede a ampliação dos financiamentos a outros setores.
A troca de farpas entre o banco e a Embraer chegou ao auge em agosto, quando a empresa reclamou publicamente de que o BNDES estaria atrasando a liberação de recursos para financiar as exportações da empresa.
Em agosto, após longa reunião no Rio, o BNDES e a Embraer divulgaram comunicado conjunto no qual anunciavam que o banco deveria aprovar ainda neste ano novos financiamentos para a empresa, no valor de US$ 1 bilhão. A primeira parcela, de US$ 770 milhões, foi aprovada nesta semana pela diretoria do banco.

Capital
Lessa disse que espera ter resolvido até novembro o problema do aumento de capital do banco, mas não quis dizer o número que está sendo buscado.
O patrimônio atual é de R$ 11,36 bilhões. O banco está em dificuldades para aumentar seus empréstimos (a intenção é emprestar R$ 47 bilhões em 2004, contra R$ 34 bilhões previstos para este ano) e, ao mesmo tempo, manter-se dentro dos níveis de exposição a riscos previstos nas regras nacionais e internacionais.
O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, havia dito na semana passada que o valor do aumento de capital ficaria entre R$ 5 bilhões e R$ 15 bilhões.
Segundo a Folha revelou ontem, o BNDES quer R$ 25 bilhões. Lessa disse que há formas de capitalizar o banco sem causar impacto nas contas do governo.
Ele afirmou ainda que o BNDES "não está com grandes problemas" na área dos agentes financeiros (bancos) que repassam recursos dele para os clientes.
Segundo o jornal "O Globo", o diretor financeiro do banco estatal, Roberto Timótheo da Costa, ameaçou descredenciar bancos que cobrem "spreads" (sobretaxas) excessivos para repassar dinheiro do BNDES.
Lessa, que não havia lido as declarações de Costa, disse que as principais preocupações do banco em relação aos agentes são assegurar que sejam respeitadas as regras para repasses a pequenas e médias empresas e evitar que os bancos exijam reciprocidade (compra de produtos extras) para aprovar empréstimos com dinheiro do BNDES.


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