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MERCADO FINANCEIRO
Empresas preparam novas emissões, e total em 2003 pode superar os US$ 12,85 bi registrados em 1997
Risco menor estimula captações externas
ÉRICA FRAGA
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A expectativa de que a redução
do risco-país para níveis não atingidos desde 1998 estimularia novas captações externas começa a
se confirmar. Ontem, o Bradesco
anunciou que fará emissão de
US$ 300 milhões, por prazo de
dez anos. Há rumores de que a Petrobras também prepararia operação, de US$ 150 milhões.
O risco-país caiu de 667 para
607 pontos na última semana.
Quanto menor o indicador, menor o custo das captações. Medido pelo banco JP Morgan, o risco-país representa a sobretaxa paga
por títulos de países quando comparados aos juros de papéis do
Tesouro norte-americano, considerados de risco zero.
Para analistas, outras captações
virão. Tudo indica que o total das
emissões privadas no ano -que
chegou a US$ 11,44 bilhões no fim
de setembro- deverá ultrapassar
os US$ 12,85 bilhões registrados
em 1997 e encostar nos US$ 14,53
bilhões de 1996. Os dados são da
consultoria Global Invest.
Na segunda-feira, o Bradesco
iniciará visitas a investidores externos ("road show") a fim de tentar captar US$ 300 milhões em
uma operação coordenada pela
Merrill Lynch. Trata-se de uma
colocação de dívida subordinada,
com prazo de dez anos e com seguro contra risco político.
A dívida subordinada tem a
vantagem de poder ser parcialmente incorporada ao patrimônio líquido. "A vantagem desse tipo de captação é que os recursos
são quase um capital do banco,
permitindo sua alavancagem",
diz José Guilherme Lembi, diretor-executivo do Bradesco.
A captação marca a volta do
Bradesco ao mercado internacional no segundo semestre -a última havia sido em junho. "Os bancos estão reduzindo as captações
externas, pois o cupom cambial
está negativo", diz Lembi.
O cupom cambial é uma projeção do valor da taxa de juros em
dólar da BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros). Os recursos
captados no exterior são aplicados internamente em operações
de "swap" (troca de rentabilidade) cambial ofertadas pelo BC a
taxas mais altas. Como o governo
vem reduzindo a renovação dos
"swaps" cambiais, o cupom começou a se reduzir.
Com isso, dizem analistas, a tendência é que empresas passem a
fazer mais emissões que bancos,
com o objetivo de investir em
produção, e não só em ganhar
com arbitragem de taxas. Os bancos, até setembro, tinham feito
70% das emissões no ano.
A expectativa também é a de
melhora nos prazos das operações. Neste ano, as emissões fechadas têm tido um prazo médio
de apenas 25 meses. Esse período
chegou a 85 meses em 1997.
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