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São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2003

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MERCADO FINANCEIRO

Empresas preparam novas emissões, e total em 2003 pode superar os US$ 12,85 bi registrados em 1997

Risco menor estimula captações externas

ÉRICA FRAGA
SANDRA BALBI

DA REPORTAGEM LOCAL

A expectativa de que a redução do risco-país para níveis não atingidos desde 1998 estimularia novas captações externas começa a se confirmar. Ontem, o Bradesco anunciou que fará emissão de US$ 300 milhões, por prazo de dez anos. Há rumores de que a Petrobras também prepararia operação, de US$ 150 milhões.
O risco-país caiu de 667 para 607 pontos na última semana. Quanto menor o indicador, menor o custo das captações. Medido pelo banco JP Morgan, o risco-país representa a sobretaxa paga por títulos de países quando comparados aos juros de papéis do Tesouro norte-americano, considerados de risco zero.
Para analistas, outras captações virão. Tudo indica que o total das emissões privadas no ano -que chegou a US$ 11,44 bilhões no fim de setembro- deverá ultrapassar os US$ 12,85 bilhões registrados em 1997 e encostar nos US$ 14,53 bilhões de 1996. Os dados são da consultoria Global Invest.
Na segunda-feira, o Bradesco iniciará visitas a investidores externos ("road show") a fim de tentar captar US$ 300 milhões em uma operação coordenada pela Merrill Lynch. Trata-se de uma colocação de dívida subordinada, com prazo de dez anos e com seguro contra risco político.
A dívida subordinada tem a vantagem de poder ser parcialmente incorporada ao patrimônio líquido. "A vantagem desse tipo de captação é que os recursos são quase um capital do banco, permitindo sua alavancagem", diz José Guilherme Lembi, diretor-executivo do Bradesco.
A captação marca a volta do Bradesco ao mercado internacional no segundo semestre -a última havia sido em junho. "Os bancos estão reduzindo as captações externas, pois o cupom cambial está negativo", diz Lembi.
O cupom cambial é uma projeção do valor da taxa de juros em dólar da BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros). Os recursos captados no exterior são aplicados internamente em operações de "swap" (troca de rentabilidade) cambial ofertadas pelo BC a taxas mais altas. Como o governo vem reduzindo a renovação dos "swaps" cambiais, o cupom começou a se reduzir.
Com isso, dizem analistas, a tendência é que empresas passem a fazer mais emissões que bancos, com o objetivo de investir em produção, e não só em ganhar com arbitragem de taxas. Os bancos, até setembro, tinham feito 70% das emissões no ano.
A expectativa também é a de melhora nos prazos das operações. Neste ano, as emissões fechadas têm tido um prazo médio de apenas 25 meses. Esse período chegou a 85 meses em 1997.


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