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SAIBA MAIS
Pesquisa começa em meados do século 20
DA REPORTAGEM LOCAL
Qual a melhor estratégia a
adotar se você desconfia de que
seu vizinho discretamente "aumentou" o terreno de sua casa
de veraneio à sua custa? Dois
assaltantes, presos e interrogados separadamente, entregariam um ao outro mesmo que
soubessem que teriam uma pena menor se ficassem calados?
O que leva as pessoas, os países
e as instituições a entrarem em
conflito ou a decidirem cooperar entre si?
São todas perguntas, exceção
feita à briga de vizinhos, que os
cientistas sociais, com maior
ou menor ênfase, têm tentado
responder há algum tempo.
Mesmo a disputa por um pedaço de quintal não pareceria menor para Thomas Hobbes, que
falava do "estado de todos contra todos" lá pelo século 17.
A economia nasceu com a
mão invisível de Adam Smith,
que descrevia um mundo de
concorrência perfeita, em que a
interação entre agentes levava à
melhor situação possível. Uma
simplificação que irrita alguns
críticos do livre mercado até os
dias de hoje.
Os matemáticos John von
Neumann e Oskar Morgenstern inventaram a teoria dos jogos em meados do século passado. Eles descreviam uma interação um pouco mais sofisticada que a do modelo de livre
mercado. Outro matemático,
John Nash, aluno de Von Neumann, deu um passo a mais e,
em meados do século passado,
administradores, economistas
e especialistas em relações internacionais "descobriram" a
teoria. Não por acaso, um dos
ganhadores do Nobel deste
ano, o israelense Robert Aumann, que visitou o Brasil em
2002, foi aluno de Nash, que
acabou famoso mundialmente,
menos pelo Nobel de 1994 do
que pelo filme "Uma Mente
Brilhante", no qual ele era interpretado por Russell Crowe.
Pesquisadores passaram a
aplicar a teoria dos jogos às
mais diversas áreas. A novidade era que ela permitia trabalhar com situações que não
previam apenas o comportamento competitivo do livre
mercado, mas comportamentos mistos, em que conviviam o
conflito e a cooperação. "Foi
uma revolução nos EUA", diz
Aloísio Pessoa de Araújo, vice-diretor da Escola de Pós-Graduação em Economia da FGV.
Hoje, lembra o diretor da
FGV, a teoria é parte obrigatória dos cursos de administração, economia e relações internacionais nos EUA. No Brasil,
ainda está restrita aos departamentos de economia e a poucos outros centros de estudo.
Sobre os assaltantes lá de cima, a teoria prevê que, ante o
dilema de delatar o parceiro
para ter pena menor, eles o farão. As opções deles são as seguintes: se só um delatar, fica
preso dois anos, e o denunciado, cinco. Se ambos delatarem,
os dois ficam presos três anos.
Se nenhum falar nada, ambos
pegam um ano de xadrez. Incomunicáveis, ante a falta de informação a respeito do que o
parceiro fará, ambos tendem a
falar. E a perder três anos atrás
das grades.
(MB)
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