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"Cem anos de trabalho" salvam América Latina
DA REPORTAGEM LOCAL
Para Lester Thurow, o fato de os
países da América Latina não terem uma estratégia de atuação é
um problema que só será resolvido em cem anos de trabalho duro.
Durante a palestra realizada em
São Paulo, na última semana, o
economista respondeu a algumas
perguntas da Folha.
Folha - Quais as deficiências que
o senhor vê na forma como a América Latina briga pelos seus interesses no momento em que os países
se fecham em blocos econômicos
fortes?
Lester Thurow - As economias de
sucesso após a Segunda Guerra
Mundial estabeleceram uma estratégia comum para fazer frente
a outros países. Ninguém na
América Latina diz qual é a sua estratégia. Esse é o problema -e isso só cem anos de trabalho duro
podem resolver.
Folha - Como isso pode ser mudado?
Thurow - O problema da América Latina é esse anda e pára, anda
e pára. A questão é como colocar
consistência nisso. Esse jogo entre
os países em busca de investimento é uma maratona e não uma
corrida de cem metros. Por isso
leva tempo.
Folha - A Argentina vive um período de profunda instabilidade econômica. Isso é reflexo dessa falta de
planejamento? O que eles fizeram
de errado?
Thurow - Não dá para atrelar
uma moeda ao dólar para sempre. É suicídio. Eles não tinham
um plano a longo prazo e fizeram
remendos. Além disso, ocorreu a
desvalorização do real em 99. A
Argentina não poderia prever que
o Brasil desvalorizaria a moeda e
isso atrapalhou.
Folha - Então a desvalorização do
real ajudou na derrocada do país?
Thurow - De certo modo, mas a
culpa não é do Brasil. Essa crise
nada tem a ver com o câmbio. Foram vários remendos de curto
prazo que foram feitos na Argentina e que não tiveram efeito.
Folha - Qual o impacto dos atentados ocorridos nos Estados Unidos
na economia mundial?
Thurow - Não vejo grande impacto. Não é algo muito relevante,
como todos pensam. Os governos
irão relutar em emprestar dinheiro para alguns países, principalmente os muçulmanos, mas o ritmo da globalização não muda.
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