São Paulo, domingo, 11 de novembro de 2001

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"Cem anos de trabalho" salvam América Latina

DA REPORTAGEM LOCAL

Para Lester Thurow, o fato de os países da América Latina não terem uma estratégia de atuação é um problema que só será resolvido em cem anos de trabalho duro.
Durante a palestra realizada em São Paulo, na última semana, o economista respondeu a algumas perguntas da Folha.

Folha - Quais as deficiências que o senhor vê na forma como a América Latina briga pelos seus interesses no momento em que os países se fecham em blocos econômicos fortes?
Lester Thurow -
As economias de sucesso após a Segunda Guerra Mundial estabeleceram uma estratégia comum para fazer frente a outros países. Ninguém na América Latina diz qual é a sua estratégia. Esse é o problema -e isso só cem anos de trabalho duro podem resolver.

Folha - Como isso pode ser mudado?
Thurow -
O problema da América Latina é esse anda e pára, anda e pára. A questão é como colocar consistência nisso. Esse jogo entre os países em busca de investimento é uma maratona e não uma corrida de cem metros. Por isso leva tempo.

Folha - A Argentina vive um período de profunda instabilidade econômica. Isso é reflexo dessa falta de planejamento? O que eles fizeram de errado?
Thurow -
Não dá para atrelar uma moeda ao dólar para sempre. É suicídio. Eles não tinham um plano a longo prazo e fizeram remendos. Além disso, ocorreu a desvalorização do real em 99. A Argentina não poderia prever que o Brasil desvalorizaria a moeda e isso atrapalhou.

Folha - Então a desvalorização do real ajudou na derrocada do país?
Thurow -
De certo modo, mas a culpa não é do Brasil. Essa crise nada tem a ver com o câmbio. Foram vários remendos de curto prazo que foram feitos na Argentina e que não tiveram efeito.

Folha - Qual o impacto dos atentados ocorridos nos Estados Unidos na economia mundial?
Thurow -
Não vejo grande impacto. Não é algo muito relevante, como todos pensam. Os governos irão relutar em emprestar dinheiro para alguns países, principalmente os muçulmanos, mas o ritmo da globalização não muda.



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