São Paulo, domingo, 11 de novembro de 2001

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DEMISSÃO EM MASSA

Sindicato negocia com a Volks, que quer cortar 3.000

Sem revisão, Marinho descarta acordo

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, disse ontem que, sem rever as 3.000 mil demissões na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), é impossível chegar a um acordo com a diretoria da Volks.
O sindicalista se encontrou ontem, às 11h, com o diretor de recursos humanos da Volks, Henrique Lozano, para retomar as negociações sobre flexibilização da jornada e do salários. Até o fechamento desta edição a reunião ainda não havia terminado.
A proposta de diminuição da jornada e dos salários em 15% foi apresentada pela empresa para reduzir custos e melhorar a competitividade da unidade de São Bernardo do Campo. Em troca, a Volks daria garantia de emprego aos funcionários por cinco anos.
"Se na terça-feira durante a assembléia já havia uma distância entre os funcionários e a empresa, essa distância aumentou ainda mais a partir das 3.000 demissões", afirmou Marinho.
"Nós só teremos condições de discutir qualquer alternativa, se a fábrica rever todas as demissões anunciadas até agora."
Marinho afirmou que os trabalhadores não são contra a redução de salário e da jornada, nem contrários à discussão de uma nova tabela de salários. Eles são contra a adoção de salários 30% menores para novos contratados e do esquema de rotatividade.
"O problema é que a empresa dá uma falsa garantia de emprego. Ao mesmo tempo em que quer um acordo com cinco anos de garantia de emprego, quer uma cláusula de rotatividade para poder demitir 0,5% do pessoal ao mês, o que pode totalizar até mil cortes por ano."
O sindicato defende como alternativa a adoção de uma rotatividade com a dispensa de aposentados, respeitados três anos após a sua aposentadoria, e a de funcionários que queiram se desligar por conta própria da empresa. "Mas o que a empresa quer é fazer a rotatividade de forma forçada."
Na sexta-feira, a comissão de fábrica da Volks atendeu a cerca de 500 ligações de trabalhadores que buscavam orientação -cem deles haviam sido demitidos.
Sobre o apoio da Força Sindical aos demitidos da Volks, Marinho disse ontem que a maior contribuição que a central pode dar "é se colocar contra o projeto do ministro do Trabalho, Francisco Dornelles, que quer diminuir o poder dos sindicatos, com a flexibilização dos direitos."


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