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DEMISSÃO EM MASSA
Sindicato negocia com a Volks, que quer cortar 3.000
Sem revisão, Marinho descarta acordo
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, disse ontem que, sem rever
as 3.000 mil demissões na fábrica
de São Bernardo do Campo (SP),
é impossível chegar a um acordo
com a diretoria da Volks.
O sindicalista se encontrou ontem, às 11h, com o diretor de recursos humanos da Volks, Henrique Lozano, para retomar as negociações sobre flexibilização da
jornada e do salários. Até o fechamento desta edição a reunião ainda não havia terminado.
A proposta de diminuição da
jornada e dos salários em 15% foi
apresentada pela empresa para
reduzir custos e melhorar a competitividade da unidade de São
Bernardo do Campo. Em troca, a
Volks daria garantia de emprego
aos funcionários por cinco anos.
"Se na terça-feira durante a assembléia já havia uma distância
entre os funcionários e a empresa,
essa distância aumentou ainda
mais a partir das 3.000 demissões", afirmou Marinho.
"Nós só teremos condições de
discutir qualquer alternativa, se a
fábrica rever todas as demissões
anunciadas até agora."
Marinho afirmou que os trabalhadores não são contra a redução
de salário e da jornada, nem contrários à discussão de uma nova
tabela de salários. Eles são contra
a adoção de salários 30% menores
para novos contratados e do esquema de rotatividade.
"O problema é que a empresa
dá uma falsa garantia de emprego. Ao mesmo tempo em que
quer um acordo com cinco anos
de garantia de emprego, quer
uma cláusula de rotatividade para
poder demitir 0,5% do pessoal ao
mês, o que pode totalizar até mil
cortes por ano."
O sindicato defende como alternativa a adoção de uma rotatividade com a dispensa de aposentados, respeitados três anos após a
sua aposentadoria, e a de funcionários que queiram se desligar
por conta própria da empresa.
"Mas o que a empresa quer é fazer
a rotatividade de forma forçada."
Na sexta-feira, a comissão de fábrica da Volks atendeu a cerca de
500 ligações de trabalhadores que
buscavam orientação -cem deles haviam sido demitidos.
Sobre o apoio da Força Sindical
aos demitidos da Volks, Marinho
disse ontem que a maior contribuição que a central pode dar "é
se colocar contra o projeto do ministro do Trabalho, Francisco
Dornelles, que quer diminuir o
poder dos sindicatos, com a flexibilização dos direitos."
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