São Paulo, segunda-feira, 11 de novembro de 2002 |
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SAÚDE Aumento dos preços, controlados desde dezembro de 2000, sai nos próximos dias, será menor que 10% e visa cobrir alta do dólar Governo anuncia reajuste dos remédios
JULIANNA SOFIA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O governo já decidiu e deve anunciar nos próximos dias um reajuste extraordinário nos preços dos medicamentos. A Folha apurou que o índice do aumento ficará abaixo de 10% e será concedido para cobrir parte do efeito da desvalorização do real ocorrida desde o início do ano. A indústria farmacêutica vinha pressionando a Camed (Câmara de Medicamentos) para reajustar os remédios em pelo menos 18%. A disparada do dólar pressiona os preços dos medicamentos porque muitos insumos para fabricação são importados. Desde dezembro de 2000, os preços dos remédios estão controlados por determinação do governo. O então ministro da Saúde, José Serra, foi o mentor da intervenção nos preços do setor e enfrentou na época resistências da equipe econômica. O primeiro reajuste pelas regras do controle, concedido em janeiro de 2001, foi de 4,4%, em média. O segundo, liberado em condições extraordinárias em outubro do mesmo ano, ficou em 4% e atendia ao pedido da indústria de recompor os preços devido à alta do dólar. Ao conceder esse aumento extra, o governo tentava amenizar o impacto que um único reajuste de grandes proporções poderia ter em janeiro deste ano, como estava previsto na MP. Com a estratégia de diluir os efeitos do aumento, o reajuste autorizado no início deste ano acabou ficando em 4,32%, em média. O índice máximo permitido por produto ficou em 5,83%. Esse foi o último reajuste ocorrido nos preços dos medicamentos. A medida provisória que estabelece as regras do controle prevê a possibilidade de reajustes extraordinários, desde que sejam aprovados pelo conselho dos ministros que compõem a Camed. A Febrafarma (Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica) já havia começado a conversar com o PT sobre o assunto para evitar que o represamento resultasse em uma explosão dos preços em janeiro. Isso porque, de acordo com a medida provisória que estabelece o controle de preços, no final de dezembro o mercado volta a ser liberado. Reação negativa A Febrafarma teme que um aumento descontrolado em janeiro possa provocar uma reação negativa por parte do novo governo, que poderia voltar a controlar os preços. A melhor alternativa, portanto, seria conceder um aumento agora, o que reduziria os prejuízos da indústria e diminuiria o espaço para grandes reajustes a partir de janeiro. Em agosto, as entidades que representam o setor enviaram à Camed uma carta em que relatavam as dificuldades por que o setor passava em consequência do controle. No documento, pediam um reajuste médio de 8%, com picos de 12% em alguns casos. Em maio, vários laboratórios já haviam encaminhado à câmara pedidos individuais de reajuste por causa da alta do dólar nos primeiros meses do ano. Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: Opinião econômica: Juro que vai melhorar Índice |
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