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GUERRA VERDE
MP que autoriza comercialização de soja modificada será votada hoje; emenda libera venda até março de 2005
Relator eleva prazo de venda de transgênico
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A medida provisória que liberou o plantio de soja transgênica
na atual safra está na pauta de hoje da Câmara dos Deputados para
ser votada no plenário. As principais alterações feitas no texto enviado pelo Executivo são a prorrogação do prazo de comercialização da safra de dezembro de
2004 para março de 2005 e a delimitação de eventual cobrança de
royalties sobre as sementes, e não
sobre a produção. Dessa forma, a
cobrança de royalties já na próxima será dificultada, já que as sementes plantadas foram adquiridas de forma ilegal.
O relator da matéria, deputado
Paulo Pimenta (PT-RS), também
incluiu a empresa detentora da
patente das sementes geneticamente modificadas, no caso a
Monsanto, no termo de responsabilidade sobre o plantio. A MP
editada pelo Executivo atribuía
apenas aos produtores o pagamento de indenização ou reparação integral por eventuais danos
ao ambiente e a terceiros.
Outra novidade presente no parecer do relator é a proibição da
esterilização de sementes. Segundo ele, nos EUA é proibido utilizar grãos produzidos em uma safra como sementes para a seguinte. Para isso, as sementes são esterilizadas e só germinam uma vez.
"O agricultor é obrigado a comprar sementes certificadas todo
ano", disse o deputado.
A nova redação da MP também
prevê que o produtor de soja
transgênica poderá obter financiamento em qualquer banco que
ofereça crédito agrícola, não mais
só em bancos públicos.
Para ampliar por 90 dias o prazo
de comercialização da soja transgênica que está sendo plantada,
Pimenta alegou razões de mercado. "Estamos no dia 10 de novembro, e 30% da soja [da safra colhida neste ano] ainda não foi vendida. Isso é independente de ser
transgênica ou não, é uma ampliação que protege a economia."
Já a restrição da cobrança de royalties sobre as sementes se deve à
intenção da Monsanto de cobrar
esses direitos sobre os grãos colhidos, na hora da negociação nos
armazéns. Segundo Pimenta, um
saco de semente produz 50 sacos
de grãos, o que aumentaria muito
a rentabilidade para a empresa.
Um dos vice-líderes do governo, o deputado Beto Albuquerque
(PSB-RS) minimizou o descontentamento dos produtores sobre
a provável cobrança de royalties.
"No capitalismo é assim. A Monsanto não é filantrópica. Ninguém
é ingênuo a ponto de ficar surpreso com a cobrança. A relação entre a empresa e os produtores é
um problema do comércio, o governo não vai regular isso."
As principais resistências à medida provisória estão nos ambientalistas e no núcleo agrário do
próprio PT. Esses deputados reclamam da liberação do plantio e
da comercialização sem estudos
de impacto ambiental.
A MP está trancando, a partir de
hoje, a pauta da Câmara dos Deputados, ou seja, precisa ser votada para que outras matérias possam ser apreciadas pelo plenário.
O relator entregou ontem, no final da tarde, seu parecer para o
presidente da Câmara, deputado
João Paulo Cunha (PT-SP).
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