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São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 2003

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AVICULTURA

Pesquisa no Ceará mostra que aves alimentadas com equivalentes de soja e canola têm maiores níveis de colesterol

Óleo de algodão reduz colesterol do frango

Jarbas Oliveira/Folha Imagem
A pesquisadora Socorro Vieira analisa, na Universidade Federal do Ceará, a qualidade e o nível de colesterol em ovos comerciais


KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Uma pesquisa da UFC (Universidade Federal do Ceará) comprovou que o uso do óleo de algodão na ração do frango, em substituição ao óleo de soja, mais usual, reduz em 8% o nível de colesterol da ave. Na comparação com o frango que consome óleo de canola, a redução do colesterol é ainda maior, de até 36%.
O estudo fez parte da dissertação de mestrado da médica veterinária Maria Hermeline Ribeiro Quirino, sob a coordenação do professor Gastão Espíndola, do departamento de Zootecnia da UFC, e já foi publicado pela Sociedade Brasileira de Zootecnia.
Foram estudadas aves desde o nascimento, dividindo-as em três grupos, separados pelo tipo de alimentação: no primeiro grupo, o óleo de algodão foi misturado à ração, que continha, em todos os casos, milho, soja, vitaminas, minerais e aminoácidos; no segundo foi colocado óleo de soja, o mais comum; no terceiro foi incluído o óleo de canola, bastante utilizado nas regiões Sul e Sudeste do país. Costuma-se usar o óleo misturado à ração como elemento energético na alimentação do frango.
Todos foram abatidos com 42 dias de vida, ao alcançar cerca de 2,3 quilos. Nas aves que consumiram óleo de algodão, o nível de colesterol nas partes nobres (peito e coxas) ficou em 53,29 miligramas para cada 100 gramas de carne; nas que se alimentaram com óleo de soja, o nível foi mais elevado, de 58,12 miligramas para cada 100 gramas de carne. Os maiores índices de colesterol foram verificados nas aves que consumiram óleo de canola: 83,27 miligramas para cada 100 gramas. Não houve alteração no nível de gordura das aves, segundo Espíndola.
A descoberta desse frango "light" ocorreu por acaso. Segundo o professor, a intenção da pesquisa não era estudar a redução do colesterol com o óleo de algodão, mas saber se o desempenho do frango seria o mesmo, já que o óleo de soja é mais caro. "Pensamos mais no fator econômico, mas nos deparamos com essa boa surpresa, a redução do colesterol." Outra vantagem do frango "light", diz, é que ele possui alto nível de ácidos graxos, o que eleva o chamado colesterol bom.

Ovos
No momento, uma nova pesquisa está sendo desenvolvida no Departamento de Zootecnia da UFC, desta vez com galinhas poedeiras (que produzem ovos).
O estudo será a tese de doutorado da pesquisadora Socorro Vieira. A primeira parte da pesquisa, que irá abranger a alimentação das galinhas e a coleta dos ovos, será concluída em dezembro. A análise dos dados só será finalizada no próximo ano.
Nesse trabalho, também são estudados três grupos de galinhas com alimentações diferentes: o primeiro utiliza óleo de linhaça na ração, o segundo consome óleo de algodão, e o terceiro, óleo de soja.
Além de verificar se há ou não redução no nível do colesterol dos ovos, o estudo irá checar se há viabilidade comercial do produto. "Teremos um grupo de pessoas voluntárias que irá provar os ovos e verificar o sabor, a aparência e a qualidade do ovo de um modo geral", disse a pesquisadora.
Uma preocupação ao se desenvolver a pesquisa, disse Espíndola, era saber se o uso do óleo de algodão não deixaria a gema dos ovos com uma pigmentação esverdeada, proveniente do algodão. O professor disse que, para evitar a alteração na cor, foi acrescido sulfato ferroso, o que manteve a gema amarelada e o mesmo sabor. "Um ovo esverdeado seria de difícil aceitação pelo público."


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