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Brasil tem 5ª menor inflação de emergentes
Por outro lado, economia deverá ficar em último lugar em crescimento, na comparação com o mesmo grupo de 28 países
Polônia, Arábia Saudita, China e República Tcheca deverão ter os menores avanços em preços neste ano, aponta levantamento
JOÃO SANDRINI
DA FOLHA ONLINE
Ainda que à custa de um fraco desempenho da economia, o
Brasil deve terminar o ano com
um dos menores índices de inflação dos países em desenvolvimento. Entre 28 países incluídos em ranking de emergentes elaborado pela consultoria Austin Rating a partir de
dados do FMI e do Banco Central, o Brasil deverá ter a quinta
menor inflação.
A previsão média de mais de
cem instituições financeiras
para o IPCA (parâmetro para as
metas de inflação) deste ano, de
3%, só não é inferior à expectativa de inflação de quatro países emergentes: Polônia
(0,9%), Arábia Saudita (1%),
China (1,5%) e República Tcheca (2,9%). Juntos, os 28 países
terão inflação média de 5,9%, o
dobro da taxa brasileira.
Este será o primeiro ano em
que a inflação brasileira ficará
bem abaixo do centro da meta
de inflação, que é de 4,5%. Além
disso, se comparado a resultados obtidos desde 1980, o IPCA
de 3% é superior apenas ao de
1998 (1,65%), ano em que o
câmbio não flutuava como hoje
e a economia brasileira estacionou -cresceu só 0,13%.
Economistas ouvidos pela
Folha afirmam que a colocação
no ranking de emergentes alcançada pelo Brasil é bastante
positiva se consideradas as diversas crises inflacionárias vividas pelo país nas décadas de
80 e 90 -em 1993, por exemplo, o IPCA ficou em 2.447%.
O economista-chefe do Itaú,
Tomás Málaga, afirmou, entretanto, que, se o Banco Central
tivesse sido um pouco menos
conservador com as taxas de juros, o Brasil poderia ter cumprido a meta de inflação e atingido uma taxa de crescimento
econômico um pouco mais elevada -neste ano, o mercado
prevê uma alta do PIB de 3%, o
que coloca o Brasil em último
lugar em ranking com os mesmos 28 países emergentes.
Ele disse, porém, que a política monetária só gera efeitos no
médio prazo e que há alguns
meses o mercado não previa a
queda do preço do petróleo no
mercado internacional, a estabilização de outras commodities e o recuo de itens agrícolas,
que reduziram a pressão sobre
o IPCA. "Não sei se houve erro
do BC, a tarefa deles é complicada. Acho difícil dizer que alguém faria melhor", afirmou.
Já Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, acredita que o BC falhou porque
desde o começo do ano o mercado já previa um nível de inflação que permitia mais ousadia
com os juros. "O Brasil tem inflação e PIB de país de Primeiro
Mundo, mas são números ruins
diante das necessidades que temos em áreas como infra-estrutura, educação ou saúde.
Acho que poderíamos ter inflação de 5%, que é aceitável, para
crescermos mais, algo em torno
de 4% ou 4,5%", afirmou.
Para a economista do banco
Fibra Maristella Ansanelli, o
Brasil só pode chegar a uma expansão de 5% no próximo ano,
como promete o governo, se fizer reformas para reduzir impostos e cortar gastos públicos.
Já Málaga sugere concessões
do governo ao setor privado para permitir investimentos em
portos, rodovias e ferrovias.
"Em 2006, o governo conseguiu lançar um pacote de medidas para ajudar o setor de construção, e isso vai ajudar o PIB
em 2007. Agora é trabalhar medidas para outros setores."
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