São Paulo, sábado, 11 de novembro de 2006

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Preço de alimentos faz inflação acelerar

IPCA vai a 0,33% em outubro, contra 0,21% em setembro; para especialistas, alta é pontual e não põe em risco cumprimento de meta

No acumulado do ano, taxa está em 2,33%, e centro do alvo é 4,5%; IBGE mantém projeção de menor variação de preços desde 1998


DA SUCURSAL DO RIO

Sob impacto do aumento do preço dos alimentos, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 0,33% em outubro, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em setembro, a taxa havia sido de 0,21%.
No acumulado do ano, a taxa foi a 2,33%, o que leva a crer que a inflação de 2006 será a mais baixa desde 1998 (1,65%), diz o IBGE. "A inflação será provavelmente a menor desde 1998, quando o país ainda vivia sob o regime de câmbio fixo e a economia estava em recessão", disse Eulina Nunes dos Santos, chefe da Coordenação de Índices de Preços do IBGE.
Mesmo com a pressão em outubro, especialistas dizem que a alta é pontual e não coloca em risco nem as metas de inflação de 2006 (cujo centro é de 4,5%) e 2007 (também de 4,5%) nem a trajetória de redução dos juros -hoje, em 13,75% ao ano.
"A aceleração em outubro não preocupa. O resultado ficou dentro do esperado, e, neste ano, a inflação vai ficar abaixo da meta. Prevemos 2,9%. Para 2007, nossa previsão aponta para 4,1%, também, portanto, abaixo da meta", disse a economista Marcela Prada, da Tendências. A instituição projetava IPCA de 0,30% em outubro.
Para Carlos Thadeu de Freitas Filho, economista do Grupo de Conjuntura da UFRJ, as expectativas quanto à trajetória futura da inflação estão "contidas", o que afasta a possibilidade de realimentação dos preços e o conseqüente recrudescimento da política monetária.
"Os juros vão continuar caindo. Na próxima reunião, o corte será de 0,5 ponto percentual. Em 2007, o ritmo de queda será menor, de 0,25 ponto, até a Selic chegar a 11,75% [ao ano]."

Carne e câmbio
Apesar da aceleração em outubro, quando subiram 0,88%, os alimentos registram deflação de 0,21% no acumulado do ano, especialmente por causa do forte recuo das carnes e do câmbio, que reduziu o preço de produtos ligados a cotações internacionais como óleo de soja e massas. Em setembro, os alimentos haviam subido 0,08%.
Contribuíram também para segurar a inflação acumulada até outubro as variações dos artigos de limpeza (-2,17%), álcool (-3,52%) e energia elétrica -alta de só 0,99%, também em razão do dólar, que reduz a variação do indexador (IGP-M).
Na outra ponta, pressionaram o IPCA deste ano a taxa de condomínio (5,08%), água e esgoto (5,03%), gás de botijão (7,05%) e gasolina (3,54%). No primeiro caso, o principal vilão é o reajuste do salário mínimo, que ainda influencia nos reajustes dos empregados domésticos -aumento de 1,39% em outubro e de 9,96% no ano.

Renda baixa
De peso maior no orçamento das famílias de renda mais baixa, os alimentos impulsionaram a variação do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que mede a inflação para lares com rendimento de um a oito salários mínimos. O índice subiu 0,43% em outubro, ante 0,16% em setembro. O IPCA apura a inflação para famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos. (PEDRO SOARES)


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