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Preço de alimentos faz inflação acelerar
IPCA vai a 0,33% em outubro, contra 0,21% em setembro; para especialistas, alta é pontual e não põe em risco cumprimento de meta
No acumulado do ano, taxa está em 2,33%, e centro do alvo é 4,5%; IBGE mantém
projeção de menor variação de preços desde 1998
DA SUCURSAL DO RIO
Sob impacto do aumento do
preço dos alimentos, o IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 0,33% em
outubro, informou o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em setembro, a taxa havia sido de 0,21%.
No acumulado do ano, a taxa
foi a 2,33%, o que leva a crer que
a inflação de 2006 será a mais
baixa desde 1998 (1,65%), diz o
IBGE. "A inflação será provavelmente a menor desde 1998,
quando o país ainda vivia sob o
regime de câmbio fixo e a economia estava em recessão", disse Eulina Nunes dos Santos,
chefe da Coordenação de Índices de Preços do IBGE.
Mesmo com a pressão em outubro, especialistas dizem que a
alta é pontual e não coloca em
risco nem as metas de inflação
de 2006 (cujo centro é de 4,5%)
e 2007 (também de 4,5%) nem
a trajetória de redução dos juros -hoje, em 13,75% ao ano.
"A aceleração em outubro
não preocupa. O resultado ficou dentro do esperado, e, neste ano, a inflação vai ficar abaixo da meta. Prevemos 2,9%. Para 2007, nossa previsão aponta
para 4,1%, também, portanto,
abaixo da meta", disse a economista Marcela Prada, da Tendências. A instituição projetava
IPCA de 0,30% em outubro.
Para Carlos Thadeu de Freitas Filho, economista do Grupo
de Conjuntura da UFRJ, as expectativas quanto à trajetória
futura da inflação estão "contidas", o que afasta a possibilidade de realimentação dos preços
e o conseqüente recrudescimento da política monetária.
"Os juros vão continuar caindo. Na próxima reunião, o corte
será de 0,5 ponto percentual.
Em 2007, o ritmo de queda será
menor, de 0,25 ponto, até a Selic chegar a 11,75% [ao ano]."
Carne e câmbio
Apesar da aceleração em outubro, quando subiram 0,88%,
os alimentos registram deflação de 0,21% no acumulado do
ano, especialmente por causa
do forte recuo das carnes e do
câmbio, que reduziu o preço de
produtos ligados a cotações internacionais como óleo de soja
e massas. Em setembro, os alimentos haviam subido 0,08%.
Contribuíram também para
segurar a inflação acumulada
até outubro as variações dos artigos de limpeza (-2,17%), álcool (-3,52%) e energia elétrica
-alta de só 0,99%, também em
razão do dólar, que reduz a variação do indexador (IGP-M).
Na outra ponta, pressionaram o IPCA deste ano a taxa de
condomínio (5,08%), água e esgoto (5,03%), gás de botijão
(7,05%) e gasolina (3,54%). No
primeiro caso, o principal vilão
é o reajuste do salário mínimo,
que ainda influencia nos reajustes dos empregados domésticos -aumento de 1,39% em
outubro e de 9,96% no ano.
Renda baixa
De peso maior no orçamento
das famílias de renda mais baixa, os alimentos impulsionaram a variação do INPC (Índice
Nacional de Preços ao Consumidor), que mede a inflação para lares com rendimento de um
a oito salários mínimos. O índice subiu 0,43% em outubro, ante 0,16% em setembro. O IPCA
apura a inflação para famílias
com renda de 1 a 40 salários mínimos.
(PEDRO SOARES)
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