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Lula cede e amplia royalties dos Estados
Planalto abre mão de parcela dos recursos da União no pré-sal e aumenta a fatia repassada a áreas produtoras de petróleo
Acordo foi selado por Lula com governadores para poder aprovar projetos do pré-sal no Congresso; parcela da União foi reduzida de 25% para 18%
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo fechou no final da
noite de ontem acordo com Estados produtores de petróleo e
aceitou abrir mão de parte da
participação da União na divisão dos royalties do pré-sal.
Com isso, espera conseguir
aprovar o projeto que trata do
assunto, que será votado hoje
em comissão da Câmara.
O acordo muda parâmetros
estabelecidos inicialmente no
relatório do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). A fatia dos Estados que
produzem petróleo aumentou
de 18% para 25% do total, e a
dos municípios com instalações ligadas à indústria do petróleo, mas que não produzem,
de 2% para 3%. A fatia da União
caiu de 25% para 18%
O governador Sérgio Cabral
(PMDB), que pressionou o governo para aumentar a parcela
dos Estados produtores, havia
chegado com a proposta de
33%, mas disse que saiu satisfeito com o acordo e vai orientar a bancada do Rio a aprovar o
relatório que será votado hoje.
Cabral se reuniu com Lula por
cerca de três horas.
À tarde, durante reunião da
CPI da Petrobras, o presidente
da estatal, José Sergio Gabrielli, defendeu que a maior parcela dos recursos deve ser repassada aos produtores de petróleo. Ele disse que, "como cidadão", avalia ser justa uma distribuição mais equitativa dos
royalties, ampliando a participação dos Estados e municípios
não produtores na partilha.
"Dado o volume de recursos
que virá, a atual regra é muito
concentradora", afirmou.
"Eu não estou fazendo uma
proposta, estou discutindo
uma tese. É justo que a maior
parte dos royalties fique com os
Estados onde está a produção.
Mas também é justo que os outros Estados participem disso,
já que os recursos em última
instância pertencem à nação.
Hoje, o que vai para os não produtores é muito pouco."
Gabrielli também disse que,
após a aprovação pelo Congresso do projeto que autoriza a capitalização da empresa, a operação financeira deverá ser realizada em, no máximo, três meses. Contudo, não há data a votação do projeto que aumenta o
capital da Petrobras, que teve o
texto-base aprovado ontem pela comissão especial. Os deputados deixaram para hoje a votação de destaques, com alterações no relatório que estabelece as regras da capitalização.
Petro-Sal e Fundo Social
O governo enfrenta dificuldades para aprovar os projetos
do pré-sal no plenário da Câmara, que pautou para ontem
votação da criação da Petro-Sal
e do Fundo Social, o qual vai
usar os novos recursos em
ações sociais e de desenvolvimento regional.
Além dos impasses na própria base governista, os principais partidos da oposição iniciaram ontem obstrução em toda a Câmara devido a discordâncias nos projetos que alteram o marco regulatório do
pré-sal. A tática de dificultar as
votações foi iniciada na comissão que discute a capitalização
da Petrobras e alcançou também a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e o plenário.
O líder do DEM, Ronaldo
Caiado (GO), afirma que, além
de discordar do modelo de partilha para o pré-sal, a obstrução
acontece porque a oposição
quer pressionar a base aliada a
indicar os membros da CPI
mista do MST e a votar o projeto que vincula o reajuste dos
aposentados ao salário mínimo. "Há um somatório de motivos. O pré-sal não pode ser votado no rolo compressor."
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