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Indústria retoma plano de investimentos
Consultas ao BNDES, que indicam intenção de investir, aumentam 58% no terceiro trimestre ante o período anterior
Aumento na utilização da capacidade instalada e melhora na confiança dos empresários na economia estimulam investimentos
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Depois de colocar o pé no
freio por conta da crise, a indústria mostra agora disposição para voltar a investir.
Levantamento do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
realizado a pedido da Folha
mostra que as consultas de financiamento ao banco, termômetro da intenção de realizar
investimentos, dispararam nos
últimos meses.
Entre julho e setembro, foram recebidas 18.171 consultas,
alta de 58% em relação ao trimestre anterior. Entre os setores que mais consultaram o
BNDES, estão os segmentos
têxtil, de alimentos e bebidas e
a indústria mecânica, que
abrange bens de capital e autopeças, entre outros.
"Após paralisarem seus investimentos e desovarem estoques, as empresas foram surpreendidas a partir de meados
do ano com o crescimento na
demanda interna. O uso da capacidade instalada aumentou
rapidamente, e agora os investimentos são retomados", disse
Fernando Pimentel Puga, chefe do departamento de acompanhamento econômico e operações do BNDES.
Segundo ele, a indústria está
direcionando seus investimentos basicamente para a compra
de máquinas e para a construção de novas plantas.
O uso da capacidade instalada na indústria de transformação atingiu em outubro 82,9%,
o maior nível do ano. Quando
esse índice fica entre 82% e
83%, a indústria se sente pressionada a ampliar seus investimentos, segundo a FGV.
Bens de consumo duráveis
-que incluem produtos como
fogão, geladeira e veículos-,
por exemplo, atingiram 90,1%
do uso da capacidade. Material
de construção, 89,1%.
Já o Índice de Confiança da
Indústria, que mede o grau de
otimismo do empresariado,
chegou a 112,2 em outubro, o
maior nível desde setembro do
ano passado.
"O aumento no uso de capacidade e a confiança são os
principais indutores do ciclo de
investimentos. E ambos estão
em alta", disse o economista da
FGV Aloísio Campelo.
Para o gerente-executivo de
Política Econômica da CNI
(Confederação Nacional da Indústria), Flávio Castelo Branco, apesar da retomada, o nível
de investimento está longe de
sua normalidade. O patamar
pré-crise deve ser alcançado ao
longo do ano que vem, de acordo com Puga.
Investimento
O setor de bens de capital,
que mais rapidamente sofreu
com a paralisação de investimentos no setor produtivo, vê
agora um aumento na carteira
de pedidos, estimulado pelo
Programa de Sustentação de
Investimentos, lançado pelo
BNDES em julho.
Com o programa, que oferece
uma linha de crédito para a
compra de máquinas e equipamentos com juro de 4,5% ao
ano e prazo de dez anos, o banco já desembolsou R$ 7,7 bilhões em agosto e setembro.
"Aqueles setores que são
mais representativos para nós e
que tinham deixado de encomendar, como mineração, siderurgia e açúcar e álcool, agora
estão voltando", disse o presidente da Abimaq (que reúne a
indústria de bens de capital),
Luiz Aubert Neto.
O setor têxtil, que fez 1.815
consultas ao BNDES em setembro, investiu nos nove primeiros meses do ano US$ 703
milhões, a maior parte contratada no segundo semestre, segundo o presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria
Têxtil e de Confecção), Aguinaldo Diniz Filho. A previsão é
investir US$ 1 bilhão em 2009.
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