São Paulo, terça-feira, 11 de dezembro de 2001

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ALCA

Nicholas Stern, economista-chefe da instituição, defende fim de subsídio de ricos

Banco Mundial apóia "fast track" e ataca protecionismo

DA SUCURSAL DO RIO

O economista-chefe do Banco Mundial, Nicholas Stern, discorda, em parte, do presidente Fernando Henrique Cardoso em relação à aprovação pela Câmara norte-americana do fast track, mecanismo pelo qual o governo dos Estados Unidos pode agilizar as negociações para a formação da Alca (Área para o Livre Comércio das Américas).
Na sua visão, a aprovação do dispositivo é um fato a se comemorar: "É melhor tê-lo aprovado do que não. É um passo importante", disse ele no Rio ao defender a liberalização comercial como caminho para inclusão e desenvolvimento dos países pobres.
Stern afirmou, no entanto, que o mais importante ainda está por vir, que é a aprovação do mecanismo pelo Senado dos EUA e a decisão final do presidente norte-americano, George W. Bush.
Apesar de falar de modo genérico, e não somente em relação às restrições impostas pela Câmara ao aprovar o fast track, Stern criticou todas as formas de protecionismo e subsídios adotadas pelos países ricos.
"É inaceitável que os países desenvolvidos falem para os pobres que eles têm de adotar aquilo que eles próprios não fazem", declarou Stern, em referência à imposição de regras nos acordos bilaterais pelos países ricos, nos quais querem liberdade comercial das nações em desenvolvimento sem, em contrapartida, derrubar suas barreiras.
O economista-chefe do Banco Mundial se disse surpreso "com a enfática defesa do presidente Fernando Henrique Cardoso" aos interesses do país em relação à Alca, mostrando-se contrário às imposições -sobretudo as restrições ao comércio agrícola- da Câmara norte-americana na aprovação do fast track.
Stern afirmou ainda que os EUA têm melhorado sua postura nas negociações comerciais internacionais, sendo mais flexível. Citou o exemplo da reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio), em Doha, no Catar.
Para ele, os Estados Unidos tiveram uma postura ativa tanto em viabilizar a reunião como em torná-la bem sucedida. Em Doha, foi sinalizado pelos países ricos que eles podem flexibilizar seus subsídios e mecanismos de protecionismo agrícolas.

Receita
Nicholas Stern apresentou ontem, durante encontro da Rede Global de Desenvolvimento, sua receita para o desenvolvimento dos países pobres.
Para o economista, a fórmula inclui aumento do acesso das nações pobres aos mercados mundiais e ampliação dos investimentos sociais dos países ricos nos seus pares menos favorecidos. Ele defende que os ricos aumentem sua cota de investimento dos atuais 0,2% de seus PIBs (Produto Interno Bruto) para 0,7%.


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