São Paulo, quarta-feira, 11 de dezembro de 2002

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TRABALHO

Nível de emprego se mantém estável em novembro, mas entidade atribui "melhora" a contratações de fim de ano

Emprego só cresce em 2004, prevê Fiesp

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O nível de emprego na indústria paulista só deverá voltar a crescer a partir de 2004. Mas isso desde que em 2003 se consolide uma reação da economia, o que faria o próximo ano ""abrir espaço" para a retomada de contratações.
Foi essa a avaliação apresentada ontem pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), com base no relatório do nível de emprego de novembro.
No mês passado, o emprego na indústria paulista recuou 0,05%, percentual considerado estável, depois de cinco meses seguidos de queda. Foram fechados 818 postos de trabalho. Em outubro, a variação negativa havia sido de 0,58% -menos 8.938 postos.
"A melhora em relação aos meses anteriores é inegável. Mas uma grande parte desse resultado é temporário, ligado ao movimento de final de ano. Não há nenhum caráter permanente", disse Clarice Messer, diretora da Fiesp, para quem houve um deslocamento do nível de atividade, que deveria ter começado a se intensificar em agosto e setembro, para os meses de final de ano, em virtude das incertezas provocadas pelas eleições.
No acumulado de 2002, a indústria paulista registra queda de 3,94% no nível de emprego. Colocado em números absolutos significa a perda de 61.468 postos de trabalho. Como a própria Fiesp admite que uma ""mudança [para melhor] será irrisória" em dezembro, 2002 deverá contabilizar a maior queda de nível de emprego desde 1999. Naquele ano, foram fechadas 59.106 vagas.
"Em 2003, poderemos ter um crescimento do PIB de 2%, 2,5%. Significaria a atividade industrial crescendo 2,5%, 3%. Esse desempenho gera emprego? Não. Para a indústria voltar a contratar de forma contundente é preciso expansão no setor de 4%", disse Messer.
Sua avaliação coincide com a feita dias atrás pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos). Os economistas da entidade consideram que o primeiro semestre de 2003 será ""nervoso" e que melhora do nível de emprego (geral) somente em 2004.
Messer argumentou que as condições para a expansão da economia vão depender da credibilidade do novo governo. Insistiu nos três itens que, segundo a Fiesp, deverão ser determinantes para ""assegurar credibilidade": a condução correta das políticas fiscal e monetária, além de uma reforma tributária.
Dos 47 sindicatos patronais consultados no mês passado, 19 informaram queda no nível de emprego, em 20 houve mais contratações que demissões e em oito se registrou estabilidade.

Destaques
Entre os destaques positivos está o de artefatos de papel/papelão e cortiça: aumento de 3,28% no nível de emprego -resultado da alta nas vendas de final de ano.
O setor de bebidas surpreendeu, mas de forma negativa: o nível de emprego recuou 4,44%. ""Uma das explicações pode ser a reação do consumidor e do varejo ao aumento de preços", disse Messer, o que teria afetado a produção, com reflexos no emprego.


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