São Paulo, quarta-feira, 11 de dezembro de 2002

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AGRICULTURA

Medida deve acelerar debates sobre liberação no Brasil, diz CNA

UE pode voltar a aceitar transgênicos

Greg Baker/Associated Press
Pastor conduz ovelhas perto de Pequim; a China comemora hoje 1 ano de entrada na OMC, período em que os fazendeiros locais passaram a sofrer competição de produtos estrangeiros


JOSÉ SERGIO OSSE
DA REPORTAGEM LOCAL

A União Européia tomou uma decisão que pode reabrir o mercado do bloco econômico para produtos transgênicos. De acordo com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), isso pode acelerar os debates em torno da liberação desses produtos no país.
O acordo, firmado entre ministros do Meio Ambiente dos 15 países da UE, altera as regras de controle em vigor, mas ainda deve ser referendado pelo Parlamento europeu.
As novas regras da UE dizem respeito aos navios de grãos que entram no território do bloco econômico. Se o acordo passar no Parlamento, os navios transportando grãos deverão detalhar exatamente quais produtos transgênicos estão a bordo.
"Agora podemos dar aos consumidores uma escolha entre produtos que contêm OGM [organismos geneticamente modificados" e aqueles que não contêm. Isso dá à indústria a possibilidade de usar OGM para o benefício de todos", disse o ministro dinamarquês do Meio Ambiente, Hans Christian Schmidt. Atualmente, a presidência rotativa da UE está nas mãos dos dinamarqueses.
A decisão da UE, segundo Getúlio Pernambuco, chefe do departamento de economia da CNA, pode acelerar o debate sobre transgênicos -e sua liberação- no Brasil. Para ele, a discussão deixou de ser "ideológica" para ser "econômica", a respeito dos produtos modificados.
Ele afirma que a decisão européia é um sinal de que a UE não é um mercado apenas para produtos convencionais. Para ele, a adoção dos transgênicos tornaria a produção brasileira mais competitiva e evitaria grandes perdas no setor de sementes no país, que sofre com o contrabando ilegal da Argentina.
"O Brasil não pode impedir que se plante transgênicos e, ao mesmo tempo, importar produtos modificados. Isso impede aumentos na produtividade e eleva nossos custos", diz. "A decisão da UE mostra que eles não são inflexíveis, nem um mercado cativo de não-transgênicos. O país precisa aproveitar a deixa e promover as mudanças necessárias."

Com agências internacionais


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