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CRISE NO AR
Mesmo fora do processo, banco entende que empresa é viável, mas que falta um plano consistente de reestruturação
BNDES abandona as negociações da Varig
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Desde que a FRB (Fundação
Ruben Berta) se recusou a aceitar
a proposta de entendimento com
os credores, no final de novembro, o BNDES deixou de costurar
uma saída para a crise da Varig. O
banco não acompanha mais as
negociações da empresa com os
credores, segundo a Folha apurou.
A idéia inicial do banco era conduzir uma capitalização, que contemplava a participação do próprio BNDES e dos principais credores. Hoje, o BNDES está afastado de todo processo e espera a Varig apresentar um novo plano de
reestruturação.
Até a recusa da FRB, controladora da Varig, o banco vinha discutindo diretamente com os credores uma saída para a companhia aérea. Agora, todos os contatos estão sendo feitos somente pela empresa, sem a intermediação
do banco.
Na avaliação do BNDES, a proposta rejeitada pela FRB -de
perdoar temporariamente dívidas de cerca de US$ 117 milhões- era bastante razoável e
daria fôlego para a empresa continuar operando até que fosse fechado acordo para capitalização.
Mesmo afastado do processo, o
BNDES entende que a Varig é viável. Avalia, porém, que falta um
plano consistente para reestruturar a empresa.
O BNDES não se nega a entrar
com um aporte de recursos. O
que quer é ter a garantia de que
não irá dar dinheiro sem que haja
uma solução de longo prazo para
a dívida da Varig.
"O BNDES tem desempenhado
todo esse esforço de análise [da situação da Varig e de reestruturação da companhia" e as portas estão abertas à Varig", se limitou a
dizer à Folha o diretor do BNDES
Eduardo Gentil em relação à crise
da companhia aérea.
Como condição para receber recursos do banco, Gentil afirmou
que a Varig tem de apresentar
propostas para dois problemas: a
dificuldade de caixa da companhia no curto prazo e a sua estrutura de capital, que não suporta o
atual nível de endividamento. Por
estes motivos, diz, é necessária a
participação dos credores.
Na visão do banco, uma solução
para a Varig deve incluir também
a troca de controle da companhia.
Isso ocorreria por meio da conversão de dívidas de credores em
participação na empresa, o que
diluiria a fatia da FRB na Varig.
Hoje, a FRB tem 87% da empresa.
Com o objetivo de renegociar
sua dívida de US$ 764 milhões, a
Varig informou que continua
conversando com credores. Depois de fechar acordo com a Infraero na semana passada, as negociações estão avançando com
as estatais BR Distribuidora e
Banco do Brasil. Um acordo pode
sair nos próximos dias. Os termos
da renegociação, porém, ainda
não estão definidos.
Para conseguir receber R$ 5,6
milhões diários, a BR tem "retirado" dinheiro do caixa da Varig,
por meio de títulos que foram dados como garantia de pagamento
pela companhia. Esses papéis são
assegurados pela venda de passagens. A Varig não confirma a informação.
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