São Paulo, quarta-feira, 11 de dezembro de 2002

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CRISE NO AR

Mesmo fora do processo, banco entende que empresa é viável, mas que falta um plano consistente de reestruturação

BNDES abandona as negociações da Varig

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Desde que a FRB (Fundação Ruben Berta) se recusou a aceitar a proposta de entendimento com os credores, no final de novembro, o BNDES deixou de costurar uma saída para a crise da Varig. O banco não acompanha mais as negociações da empresa com os credores, segundo a Folha apurou.
A idéia inicial do banco era conduzir uma capitalização, que contemplava a participação do próprio BNDES e dos principais credores. Hoje, o BNDES está afastado de todo processo e espera a Varig apresentar um novo plano de reestruturação.
Até a recusa da FRB, controladora da Varig, o banco vinha discutindo diretamente com os credores uma saída para a companhia aérea. Agora, todos os contatos estão sendo feitos somente pela empresa, sem a intermediação do banco.
Na avaliação do BNDES, a proposta rejeitada pela FRB -de perdoar temporariamente dívidas de cerca de US$ 117 milhões- era bastante razoável e daria fôlego para a empresa continuar operando até que fosse fechado acordo para capitalização.
Mesmo afastado do processo, o BNDES entende que a Varig é viável. Avalia, porém, que falta um plano consistente para reestruturar a empresa.
O BNDES não se nega a entrar com um aporte de recursos. O que quer é ter a garantia de que não irá dar dinheiro sem que haja uma solução de longo prazo para a dívida da Varig.
"O BNDES tem desempenhado todo esse esforço de análise [da situação da Varig e de reestruturação da companhia" e as portas estão abertas à Varig", se limitou a dizer à Folha o diretor do BNDES Eduardo Gentil em relação à crise da companhia aérea.
Como condição para receber recursos do banco, Gentil afirmou que a Varig tem de apresentar propostas para dois problemas: a dificuldade de caixa da companhia no curto prazo e a sua estrutura de capital, que não suporta o atual nível de endividamento. Por estes motivos, diz, é necessária a participação dos credores.
Na visão do banco, uma solução para a Varig deve incluir também a troca de controle da companhia. Isso ocorreria por meio da conversão de dívidas de credores em participação na empresa, o que diluiria a fatia da FRB na Varig. Hoje, a FRB tem 87% da empresa.
Com o objetivo de renegociar sua dívida de US$ 764 milhões, a Varig informou que continua conversando com credores. Depois de fechar acordo com a Infraero na semana passada, as negociações estão avançando com as estatais BR Distribuidora e Banco do Brasil. Um acordo pode sair nos próximos dias. Os termos da renegociação, porém, ainda não estão definidos.
Para conseguir receber R$ 5,6 milhões diários, a BR tem "retirado" dinheiro do caixa da Varig, por meio de títulos que foram dados como garantia de pagamento pela companhia. Esses papéis são assegurados pela venda de passagens. A Varig não confirma a informação.


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